quarta-feira, 30 de março de 2011

No caminho.


Tudo começou com o controle remoto. Estava de férias e procurava algo descente para assistir na televisão. Resolvi deixar no canal Multishow que, no momento, transmitia “No Caminho”. Um programa que mostra Susanna Queiroz viajando por lugares “místicos” e fora do roteiro turístico da maioria, como Vietnã, Índia, Bangladesh, Butão... Entre tantas informações novas sobre tantas culturas diferentes, o que me chamou mais atenção foram às explicações dela sobre o Budismo. Na verdade, não eram exatamente explicações, mas como vocês sabem, uma imagem vale mais que mil palavras.


Então comecei a pesquisar sobre essa filosofia, foi quando encontrei a seguinte frase do Buda: “Onde quer que viva esse é o teu templo, se o tratar como o tal.”. Foi amor a primeira vista. (Sim, me apaixono por frases e não há quem dê jeito nisso!). E por uma simples frase eu entendi. Não entendi tudo, porque há certas coisas nessa vida que não se explicam. Mas entendi um pouco do que representa o Budismo; Entendi mais das sensações (muito boas por sinal!) que tive quando passei três meses e meio ‘sozinha’ (nós nunca estamos sozinhos!) em Nebraska; Entendi porque, ás vezes, não damos valor em tudo que somos (o templo do outro, ás vezes parece mais bonito, não é mesmo?) e entendi exatamente do que se trata aquele filme “Comer, Rezar e Amar” (para quem ainda não viu, recomendo!).


E você deve estar se perguntando aonde eu quero chegar com essa ladainha toda... Sabe o que é? Hoje eu acordei de saco cheio, sem paciência, sem inspiração, até com vontade de me demitir e ir pra Bali andar pela cidade de bicicleta ou num elefante (ai se eu pudesse, ai se meu dinheiro desse...). São essas crises de insatisfação que nos fazem ir para frente e alcançar coisas melhores, eu sei. Por isso, hoje, a cada momento que penso em reclamar de tudo que tenho, estou respirando fundo a fim de respeitar meu templo (e também meu tempo).


Para terminar... Insatisfação não é tão ruim – se você fizer algo a respeito. Não gostou de um projeto, de uma cor, de um traço? Mude. Não gostou da música? Troque de estação. Está desmotivado com o emprego? Comece a procurar outro (é o que eu estou fazendo!). Está sem ideias, pare de procurá-las loucamente. Peço desculpas se essa postagem ficou muito “auto-ajuda”, mas hoje esse texto foi minha maneira de começar a fazer “aquela” faxina no meu templo.



Dicas:
- Fotos, vídeos e mais sobre o programa "No Caminho": clique aqui
- Documentário sobre a vida de Buda: clique aqui para acessar os links

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terça-feira, 29 de março de 2011

Soldados.

Criamos um mito para esconder nossos medos
Até onde você iria para salvar seus sonhos?
Dizemos adeus para não revelar nossos desejos
Mas você jogaria todos seus segredos ao vento?
Até que você veja. Até que você queime. Até que você minta.
Até que você não resista mais, você ficará em paz.
Aqui estamos nós procurando sinais,
mas não há nada até que estejamos aqui.
Talvez devessemos criar nossa própria religião.
Porque eu não sou um santo - e nem você, meu amigo.
Lutar é a única forma que temos de sentir,
então, mais uma vez, começaremos uma guerra.
Você já quis estar no céu e no inferno ao mesmo tempo?
Aqui estamos nós.
Todos os dias pessoas morrem - mas elas continuam respirando
Todos os dias pessoas vivem - apenas em nossas memórias
Então nós continuamos lutando.
Contra todas as promessas sujas de amor.
Eu não irei me render, eu irei atacar, então fuja.
Corra. Antes que eu te torture pelos seus pecados.
(Até que você veja. Até que você queime. Até que você minta.)
Dentro de um enorme furacão
você tem que procurar e destruir os inimigos que habitam em você
Pois nem 1000 sóis seriam capazes de livrá-los de todo mal
E é tão perto do limite que você enxerga sua glória
Então nós continuamos lutando
Para não nos tornarmos vítimas de nós mesmos.
Então nós continuamos lutando!


- PS: Texto inspirado no show do 30 Seconds to Mars que tive o prazer de assistir no último domingo, dia 27/03: Uma das melhores "guerras" desse ano. =)

"Não vou sofrer, nem ser violado, ficar
cansado ou desgastado
Me render a nada, vou desistir do que eu
Comecei e acabar com isso, do fim ao início
Um novo dia está vindo, e finalmente estou livre!"
(Attack - 30 Seconds to Mars)

terça-feira, 22 de março de 2011

Quando a gente se distrai.
 
"Sabe o que é estranho? Dia após dia nada parece mudar, mas quando nos damos conta tudo está completamente diferente". (Calvin)
 
Cada dia uma novidade. Boas ou ruins, novidades alimentam a alma. Chega a hora do almoço. O telefone toca e a gente se vê, assim, de repente, ao vivo. A gente passa aquele pouco tempo - longe do trabalho -sentados no banco da praça com a luz do sol aquecendo a pele, como se vivêssemos numa cidadezinha do interior construida no meio de prédios bonitos. Parece que você veio de longe, d'uma entrevista de emprego lá de não sei onde, mas fez questão de vir e nem reclamou de subir uns quinze minutos andando do metrô até o lugar que fosse melhor pra mim. E até agora você só se pergunta o que é melhor pra mim, o que eu mais gosto, o que me faz feliz... Ás vezes, eu até acho que você tem pensado em mim, até mais do que eu faço ultimamente. Quando me distraio - e eu tenho andado tão distraída - você manda um sinal (viva a tecnologia). Até que nossas conversas são boas, o breve silêncio é bom, a surpresa então... Eu apenas me sinto bem comigo mesma e você percebe. Você repara que eu gosto de ser valorizada (quem não gosta?). Você repara em vários detalhes que eu nem tinha me dado conta. E você distrai meus pensamentos confusos, o peso de palavras que ainda carrego comigo e pontos de interregoção que ainda estão dentro da bolsa. Quer levar tudo isso? Quer me levar com você? Então leva... nem que seja apenas na hora o almoço de um dia qualquer - pra gente brincar de um dia de cada vez. Você só pede uma coisa em troca: para eu não te esquecer, pra ligar, mandar sms. Foi a "cobrança" mais bonita que ouvi esse ano. Mas eu não prometo nada. Promessas, por enquanto, só faço pra São Longuinho quando quero encontrar alguma coisa. Mesmo assim eu fico grata pelo muito que você fez caber dentro do agora

"O acoso vai me proteger enquanto eu andar distraída" (Epitáfio - Titãns)

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domingo, 20 de março de 2011

Cigana.

"Caminhar fica tão chato quando se aprende a voar
(...) Não confessarei todos os meus pecados.
Você pode apostar que eu tentarei,
mas nem sempre se pode vencer"
(Gypsy - Shakira)

Ontem fui ao show da Shakira, mas isso eu conto outro dia. De repente, no meio de uma canção passou um filme de quase uma vida inteira na minha cabeça. Vi 20 anos divididos em duas partes. Uma menina e uma mulher. E se você quer saber... prefiro agora que eu tenho mais certeza de quem sou. Eu poderia até dizer que perto dos meus 17 anos a Shakira me modificou, mas acho que somos nós os únicos responsáveis pelas modificações que acontecem na nossa vida. Talvez ela tenha sido apenas um ponto de passagem, uma inspiração ou até uma identificação que me abriu os olhos, me fez enxergar o sol. Ontem eu me lembrei do dia que aluguei o dvd do show da Shakira e descobri que poderia ser tão mulher quanto ela. Chega a ser engraçado e parece bobagem, eu sei. Eu me lembrei da minha primeira aula de dança do ventre, de toda a timidez. Meu corpo começou a se mexer e eu sabia que poderia controlá-lo e simplesmente seguir a música sem pensar em nada. Quando eu me mexo, quando você vê meus passos marcados no chão, saiba que eu estou seguindo meu caminho. Mudando de lugar, tentando encontrar o que é melhor para mim, tentando encontrar o melhor de mim. E depois de uma certa idade, da shakira, da dança e outras coisas mais... eu comecei a aprender a cuidar de mim mesma. Nem sempre podemos vencer, então aprendi com os erros - que muitas vezes cortam a pele. Mas eu não costumo me entristecer por muito tempo, então deixo para trás as roupas que já não me servem e volto para a mesma trilha - que lá na frente me abrirá os caminhos. Como uma cigana... eu não ouvirei suas desculpas por muito tempo, quando você menos perceber meu pensamento não estará mais aqui. Não é assim que a vida acontece? Algumas noites são longas e frias e no outro dia... sai o sol. Como uma cigana... enquanto você dorme, eu estarei partindo. Quantas vezes eu tentei lhe acordar? Mas você estava distraído demais sonhando e eu só queria viver músicas, beijos e sorrisos... Se você reparar bem, menina ou mulher, eu não mudei tanto assim. Meu coração ainda é o mesmo, ele ainda é um bom coração. Eu não me esqueço de onde vim e mesmo sem saber para onde vou, sei para onde não quero ir. Ontem, depois de pensar em tudo isso e mais um pouco enquanto a Shakira se apresentava... eu olhei para o céu. A lua estava lá, grande, brilhante, como devia estar. Minutos depois a chuva tomou novamente seu lugar... Sim, como uma cigana, nós nunca sabemos quanto tempo a luz pode durar. E de nada adianta andar com fósforos nos bolsos, se a sua chama não está acesa.

"E um dia depois da tempestade
Quando menos você pensa sai o sol
De tanto somar perde a conta
Porque um e um nem sempre são dois
Quando menos você pensa sai o sol"
(Sale El Sol - Shakira)

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quinta-feira, 17 de março de 2011

Filmes mudos.   

  Pode ser a tpm, você, minha ansiedade. Pode ser tudo ou nada... que me fez escrever um texto tão intenso ontem que eu resolvi nem publicar. Mas só de escrever me alivia. O que me pertuba é tentar disfarçar um vaziozinho no peito que eu não sei de onde vem. É fingir que eu acredito em frases manjadas que eu escuto o tempo todo. É saber que andaram dizendo por aí que eu não demonstro iniciativa (- Logo eu? Hahaha.. eu até ri com um pouco de raiva por um absurdo desses). E eu soube disso bem no dia que eu acordei não querendo provar nada pra ninguém - principalmente o meu valor. Poxa, será que não dá pra ver? Não dá pra se mexer? Não dá pra me dizer o que você realmente está sentindo? 
  "Foda-se o passado, beije o futuro" - essa é a frase do Bono Vox que eu li hoje. E hoje, talvez nos próximos dias também, é assim que vai ser. Quer agir de acordo com o passado, ficar ressabiado, ir devagar quase parando, se guardar pro próximo carnaval? Pode ir. Ou melhor... pode ficar que eu vou (Você devia saber que eu não paro). Vou pra outro canto, pra outro lado, vou continuar sendo inteira, intensa, meio exagerada, mas eu vou. Agora se quiser um futuro colorido, com trilhas sonoras, coisas sem muito sentido, declarações sem hora marcada... O futuro começa aqui - como num filme de Charles Chaplin: Sem muitas palavras, sem muitas promessas, apenas com gestos que dizem tudo que precisamos saber.

    Logo eu que adoro uma boa poesia, hoje acordei cansada das palavras (ou da falta delas - vai saber). E eu me pergunto o que vai fazer falta enquanto eu estiver buscando a mim mesma lá fora (sim, eu estava aqui o tempo todo - até agora). Eu não quero perguntar mais nada. Estou cansada de tentar convencer o mundo a participar dos meus planos. Ou pedir algo que você sabe que eu quero tanto. Ou usar sempre o seu relógio para saber a hora certa de tudo. (Pode ser a tpm, você, minha falta de paciência... Mas hoje, o que eu não irei ver, eu também não quero te entender).

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terça-feira, 15 de março de 2011

O que sobrou do céu.

   O terremoto. O tsunami. E a irradiação. Sim, esse é o Japão - irreconhecível! - depois d'uma sequência de fatos trágicos que me faz dar um pouquinho de valor na vida (ainda mais!). Desde a ocorrencia, perdi a conta de quantas vezes li a seguinte frase na internet: "O que você faria? O que você faria se soubesse que só teria um ou dois dias? Se você soubesse que iria morrer...". E resposta deve estar dentro de mais duas perguntas "O que você quer viver? O que você quer fazer da sua vida?". Olha aí, o mundo tão cheio de possibilidades... E de repente "Bum", a terra mexe, vem a onda, a usina explode. E a cada imagem que eu assisto do outro lado do mundo, meu coração diz "Meu Deus, obrigada - eu tenho chances, minha família pertinho de mim, tenho saúde e sorte!".

    Antes do Japão, há mais ou menos um ano, foi a vez do mundo exercer sua solidariedade diante do Haití. Vi uma reportagem na semana do carnaval sobre a situação atual do país. Enquanto todos cochilavam no sofá, meus ossos se contraiam e meu coração ficava apertado ao ver aquelas cenas de miséria extrema. Gente comendo a mesma banana estragada dos porcos. A água suja. A ausência de energia e saneamento básico. Destroços por todos os lados. Lembranças tão evidentes de um momento ruim. Cenas da idosa deitada na calçada, suja e com fome. E o menino que correu quilômetros - com um sorriso no rosto - por uma fruta. A cena. O contexto. A situação. A falta de condição. A falta. Isso resume tudo que vi: falta. E se for pensar nisso (e a gente tem que pensar nessas coisas pra cair na real!), a gente tem tudo - e muitas vezes não se dá conta. Então a gente reclama, enrola, xinga... por coisas que nem importam tanto assim, eu lhe garanto. No final das contas, o que realmente importa? O que nos faz feliz?

   A gente pode marcar um "X" na frente de tantas opções e depois de um suspirro, com o peito cheio de ogulho, dizer "Vamos lá, eu consigo!". Eu sei, ás vezes falta coragem. Ás vezes, a achamos que não iremos dar conta. Mas por que duvidar tanto de si mesmo? Por que não fazer tudo como se fosse o último dia? Não serei hipócrita. Tenho medos, receios e planos. Muitos planos também. E deixo coisas pra depois. Não diria que é um erro, nem um acerto. Talvez uma atitude natural do ser humano. O importante é prestar atenção no que o corpo, a mente e alma pedem. E eu acredito nos desejos. Uma hora ou noutra a vida nos trás um presente, basta estarmos de olhos abertos. Como diria John Lennon: "A vida é o que lhe acontece, enquanto você está ocupado fazendo outros planos.".
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Faltou luz mas era dia, o sol invadiu a sala
Fez da TV um espelho refletindo o que a gente esquecia

Faltou luz mas era dia... di-ia
Faltou luz mas era dia, dia, dia

O som das crianças brincando nas ruas
Como se fosse um quintal
A cerveja gelada na esquina
Como se espantasse o mal

O chá pra curar esta azia
Um bom chá pra curar esta azia
Todas as ciências de baixa tecnologia
Todas as cores escondidas nas nuvens da rotina

Pra gente ver... por entre prédios e nós...
Pra gente ver... o que sobrou do céu... o la lá

(O que sobrou do céu - O Rappa)
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segunda-feira, 14 de março de 2011

Hoje é dia da poesia!

Porém, melhor que palavras escritas,
é ver todas as rimas diante dos nossos olhos!
















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sábado, 12 de março de 2011

E quando a gente começa a achar que aquele turbilhão de palavras soltas só ocupam a "realidade" do nosso imaginário, é melhor não escrever nada.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Enquanto isso...

Gente... eu tenho que contar uma coisa pra vocês. Essa vida ta me deixando doida. Piradinha da "silva". De manhã, correria - o despertador não tocou. Vai, se vira nos 30 minha filha! Depois tem o trabalho, as fotos... a novela das carteirinhas que parece não acabar nunca. Entre um capítulo e outro, requisições se acumulam, tem que pegar material, fazer etiqueta e ensinar quem acha que já pode ser promovido. Mas a chefe ta viajando, tem paz. O outro chefe não e chamou uma vez se quer hoje, tem sensação de alegria. Tem história do carnaval de todo mundo pra contar, tem música da Paula Lima no fone de ouvido. Tanta coisa num dia só. Não reclamo, eu até gosto. Mas aí eu sigo para o caminho do curso no final da tarde.  Quando chego já é noite. O céu escuresse enquanto eu to no ônibus, muitas vezes enquanto cochilo - e eu fico com a sensação de estar perdendo alguma coisa. Sorte minha é que, por algum motivo que eu não sei qual, eu adoro a Av. Paulista! Mas da sala, no décimo quinto andar, eu não vejo os prédios bonitos e nem as pessoas bem vestidas andando pra lá e pra cá. Eu vejo o professor novo, que se parece com o "Mocotó"da Malhação (nossa, lembra disso?). E ele não me anima. Nem um pouco, apesar da cara de bonzinho. Fala, fala, fala a mesma coisa. No primeiro dia, foi só "crop", até 22h45, vê se pode. Hoje, só "seleção". Tudo tão óbvio. Nada que eu não tivesse descoberto sozinha olhando na tela desse Mac lindo (Se Deus quiser e quando meu dinheiro der, um dia eu terei um desse!). No Illustrator foi tão diferente... tinha dúvida, música boa durante os exercícios, tinha que anotar, prestar atenção pra acompanhar. Eu ia embora cansada, mas feliz. Agora eu vou embora cansada, com a sensação de que falta alguma coisa. Não vale me chamar de nerd, eu só quero o que é justo, só isso. Juro que eu esperava bem mais do photoshop e a culpa é dele. Eu odeio transferir culpas, mas dessa vez a culpa é dele. Eu escrevo no blog, vejo os emails, olho o facebook, o twitter e quando eu olho pra frente... Olha lá o "Mocotó" falando a mesma coisa.  Cadê a agilidade? A dinâmica? A união de todas as ferramentas? Hein? Cadê? E no final de uma desnecessária loooonga explicação ele manda fazer um teste, pergunta se há alguma dúvida. Teste que nada. Eu quero mesmo a realidade, aquela que do nada surge no dia a dia. Aquela que cria dúvidas gigantescas, faz com que a gente fique perdida, corra atrás, anote na agenda... Mas aquela que no final do dia te faça ir pra casa completa. 

"Ando bem, mas um pouco aos trancos. Como costumo dizer, um dia de salto sete, outro de sandália havaiana." (Caio Fernando Abreu)

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terça-feira, 8 de março de 2011

A Saudade.



Hoje me deu saudade de quando eu deitava no sofá e não pensava em absulutamente ninguém enquanto assistia á um programa de tv, nem associava minha vida aos filmes que envolvem algum romance imperfeito. Saudade de quando eu ouvia músicas por ouvir, sem muitas identificações - e escrevia textos que vinham de algum lugar que não era meu. Saudade de não dar a mínima para o que você fala, escuta ou faz. Saudade do "tanto faz" que agora jogamos um para o outro como uma bomba relógio. Saudade de quando eu acreditava nas mentiras bonitas que contávamos para si mesmo - sem intenção de alimentar nossos egos frágeis. Saudade de quando eu não tinha medo de ficar no meu canto, me escondendo do que você sentia diante de mim. Saudade dos dias em que você não estava presente - seja onde quer que eu estivesse. Saudade de quando eu não te contava tudo e você sabia, de algum modo, o que estava acontecendo. Saudade dos carinhos que não eram seus. Das preocupações de outros lugares. De outros danos. Outros planos. Dos sorrisos de "stand up". De me apaixonar por todos os outros caras que me deram o suficiente de atenção. Saudade de novidade. De sensação. De algo que faça algum sentido. D'uma poesia bem vivida. Saudade das palavras que não rimavam com você. Não há motivos para esconder nada, mudar de assunto, inventar desculpas, nem para conversa fiada. Nunca houve motivos, mas eu não sei se tenho saudade disso. Hoje acordei com saudade de todas as outras saudades - e com vontade de sumir com a saudade das coisas que ainda não vivi.

"How come the only way to know how high you get me is to see how far i fall
God only knows how much i'd love you if you'd let me, but i can't break through it all"
(Heartbreak Warfare - John Mayer)


Ps: Eu iria escrever um texto em homenagem á todas as mulheres, afinal, o calendário diz que hoje é nosso dia. Mas o calendário é algo tão previsível, tão "objeto"...acho que isso não combina com quem deveria ser homenagiada. Comecei a escrever e as palavras mudaram de rumo. Pois é, quando menos esperamos a vida faz isso com a gente - com minhas palavras não seriam diferente. Mas que fique registrado a minha admiração por todos os seres femininos que habitam a Terra. As nossas diversas formas de amar, reclamar, sentir, mergulhar, despertar, ser frágil, ser tão forte, se divertir, se vestir, entre tantas coisas... A tudo que nos faz únicas e mulheres!
Um brinde a nós que conseguimos conquistar o mundo com um "Olá!":
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sexta-feira, 4 de março de 2011

A chuva.

Na sua janela está chovendo? Na minha também. Tem sido assim a semana toda. Aquela dorzinha de garganta que a gente alivia com pastilha de menta. Aquela dor de cabeça depois do dia longo. Os espirros da manhã. A tosse da tarde... Apesar de tudo, eu gosto da chuva. Acho bonito as gotinhas d'água caindo do céu na mesma direção. Como se o céu estivesse pagando um drink para a terra - não me pergunte de onde eu tirei isso, mas eu pensei. E eu penso tanta coisa enquanto a chuva cai... Penso nos segredos que a chuva trás e nas coisas que foram levadas pela enxurrada. Penso nas pessoas ao meu redor, em pessoas distantes e até nas pessoas que eu vi uma vez só. Junto com a chuva vem aquele friozinho na nuca, a vontade de se enrolar num novelo qualquer - como um gato querendo fugir do tédio e da melancolia (ainda que pequena). Vem a vontade de um chocolate quente, um cobertor e uma história de amor. Mas eu tenho que sair de casa e cumprir meu papel na rotina - e enfrentar a chuva. Eu tento me proteger (Quem não tenta?). Abro mão, o coração e o guarda-chuva - em vão. Poças d'água pelo caminho. A gente pula quando dá. Caso não der, quem tá na chuva é pra se molhar, não é?! Pois é, a chuva me pegou, meu amor, a chuva me pegou. Mas agora, isso pode até virar marchinha de carnaval, porque não dá pra ficar lutando contra o tempo. O jeito é relaxar e deixar a chuva cair devagarinho. Ou você fica olhando pela janela, ou sai logo daí e vai tomar um banho de chuva.

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quinta-feira, 3 de março de 2011

O Projeto.

Faltando dois dias para acabar o curso de Illustrator, me fizeram uma proposta - de gente grande! Tive que escolher entre o fácil e o difícil. "O difícil, é claro". É agora ou nunca. É agora! Eu escuto o briefing com atenção. A simplicidade das palavras enganam, sabia? E eu tenho só 2 dias (desde ontem) para pensar sob pressão. 2 dias? Ás 21h de sexta eu tenho que estar lá e te mostrar não só o projeto, mas a execução bonita e eficaz dele. A ideia, 3 produtos, as embalagens, o nome da linha, a arte da ilustração, o anúncio, o texto, a tipografia... "Vamos, pense! Pense!" Folhas de sulfite são rascunhadas de vento, rabiscos de um brandstorm improvisado e inútil. (Acho que todo bradstorm é improvisado). Ele vem, olha pra minha cara como quem quisesse alguma dica do que eu estava pensando. "Nada. Nada professor! Nenhuma ideia pra te mostrar agora. Eu vou pra casa e juro que lá sai alguma coisa". Eu ainda resisti um pouco. Fiquei lá rasbiscando os outros alunos se retiravam da sala pouco a pouco. Ele olhou pra mim e riu "Ela ta pensando!". "To tentando!". 23h30 eu tava em casa e ainda pensando no projeto. Depois do banho sentei na cama (já que tinha que esperar os cabelos secarem um pouco), com um livro de apoio e uma sulfite na mão. "Não durmo enquanto não encontrar ao menos uma ideia descente!" - deixa que eu me viro com minha teimosia. 1h30 am eu fechei os olhos e dormi. No outro dia, 6h10 am eu era apenas um projeto de gente, pensando agora, em como fazer todos os projetos do mundo darem certo.

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quarta-feira, 2 de março de 2011

EU ENTENDO.
"Já não me preocupo se eu não sei por que
Ás vezes o que eu vejo quase ninguém vê
Eu sei que você sabe quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você"

No fundo, quase escondido dentro do peito, eu entendo. Entendo que os dias passaram, que muita coisa mudou, que o mundo girou, que eu não sou mais a mesma, você menos ainda. Que não somos culpados, nem inocentes. Entendo que ninguém pode "ganhar" a responsabilidade de nos trazer felicidade. Que ninguém pode "perder" o direito de escolha. Por mais que doa um pouquinho e eu precise escrever para me livrar de frases engasgadas, eu entendo. Não sou tão cabeça dura assim. Não sou burra - e isso não tem nada a ver com ser intelectual, bilíngue, etc e tal. Eu entendo. Posso não concordar, não gostar, choramingar e bater o pé no início, mas eu entendo. Mesmo sem achar que você me entende (dessa vez). Eu entendo porque ainda sou feliz, mesmo sem ter tudo que quero. Eu só queria te pedir uma coisa (se é que posso), pela nossa consideração, pela intenção (eu sei que não houve má intenção - em nenhum momento). Eu queria pedir pra você continuar o mesmo, acabar com o silêncio. Daquele jeito, porque aquele jeito dava certo e a gente falava sério, falava bobagem, ria e sem mais. Eu juro que da última vez que a gente saiu, eu já não esperava nada (ou muita coisa) - eu te falei. Eu até comi dois filés de frango sem medo. E aquilo tudo, pra mim, bastava, até suas declarações do dia seguinte - mas isso é outra história e não importa mais. Então vamos voltar pra lá, pra antes de tudo, de onde dava certo e a gente era a gente mesmo. Porque agora, eu entendo. 

"Então aceito a sua enorme consideração pequena, responsável, curta, cortante. Aceito você de longe. Aceito suas costas indo.(...) Não é que aceito. Quem gosta assim não come migalhas porque é melhor do que nada, come porque as migalhas já constituem o nó que ficou na garganta. Aceito sua consideração de carinho no topo da minha cabeça, seu dedilhar de dedos nos meus ombros, seu tchauzinho do bem partindo para algo que não me leva junto e nunca mais levará, seu beijinho profundo de perdão pela falta de profundidade." - (Tati Bernardi)

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terça-feira, 1 de março de 2011

A loucura

Você acorda, demora para abrir os olhos. Quando vê, está no caos, apertada no ônibus que não anda. Quando vê, está no caos do metrô. Você pensa em sentar no chão e esperar o incômodo passar. Ameça fazer isso encostando por alguns minutos na parede, mas olha pro relógio e percebe que ainda resta um pouco de consciência. Você nem consegue entrar com o pé direito no vagão depois de 40 minutos de espera. Você chega atrasada, com uma cara que denuncia a alma. Cara de quem "não comeu" e não gostou. Não consegue se concentrar, não consegue lembrar do que tem para fazer, do que tem pra hoje e nem achar um texto decente para o dia da mulher. Você ganha bolo do desconhecido, um abraço do amigo e um cara estranho te passa uma cantada barata- de novo - e pede seu telefone. Você pensa em ser louca. Só um pouquinho vai?! Aproveitar o carnaval - que por sinal, você não gosta - pra jogar os confetes pro alto. Pra jogar tudo pro alto. Ai se você fosse louca suficiente... Você bateria na porta da casa dele ás 23h30, o beijaria e iria embora. Você travaria uma briga feia com sua chefe. Você diria pro motorista do ônibus Ana Rosa melhorar aquela cara de bosta dele. Você não usaria o guarda-chuva, mesmo ficando com uma puta dor de garganta. Você diria para aquele seu tio que ele é chato pra caralho e que você não pediu opinião. Você se daria um murro, porque pelo menos haveria uma explicação para essa dor. E você riria bem na cara das pessoas que fazem papel de idiota. Ah... se você fosse louca suficiente... Mas você não é. Então você tem que acordar, sorrir, não se espantar, não espantar. Você tem que ser forte, levantar, sacodir a poeia e dar a volta por cima. Você tem que gostar de carnaval, tomar um porre na festa dos amigos e ser educada com os familiares. E mesmo que digam que você é louca, você não pode provar. A loucura tem que ficar aí, toda guardada dentro de você, pra você enlouquecer sozinha.