segunda-feira, 25 de julho de 2011

"Steadily emerging with grace"

(Eyes on fire - Blue Foundation)


Eu deixei
seus olhos me olhando de um jeito
que eu não consegui entender
Eu parti
sem saber para onde quero ir
e se você estará no mesmo lugar

Eu estava meio contida
porque eu não quero despencar
um passo em falso... e eu caio
Eu estava meio insegura
porque eu não conheço esse caminho
embora eu tenha passado perto algumas vezes

Sua voz que media as palavras
me deixou com medo
Como nunca mais pudessemos voltar
a ser o que éramos antes
Como se nunca pudessemos ser
melhores do que isso

Eu não consigo te decifrar

nem te destruir, nem te acolher
Você se protege o tempo todo
Então, por favor, me diga
o que você está fazendo aqui
Por que não consegue ser o que sente?

Eu não posso aliviar sua dor
Eu não posso deixar isso mais fácil
Você pode?
Sinto que estou perto do meu limite
Me aproximando até onde posso
Eu estou me aproximando
E você não pode me pedir para parar
Você não pode duvidar
do que somos capazes
Você pode?

Eu não sinto que devo me desculpar
Eu não sinto que você deva fazer isso
Nós estamos empatados
E talvez seja assim que devíamos estar
Nós estamos quebrados
E não sabemos como se consertar
Nós estamos entediados
E talvez isso devesse mudar
 
Eu não sei o que quero de você
Mas se for ficar,
apenas deixe minha mente tranquila
apenas me deixe respirar
e me mime um pouco para que eu
saiba que você se importa

Eu estou descobrindo o que vai ser de mim
Se não quiser ficar,
apenas deixe minha mente tranquila
apenas me deixe respirar
e por favor, não leve nada.

*

quinta-feira, 21 de julho de 2011

"Não era amor. Era melhor..."

Não sei se te amo, se um dia te amei. Sei lá, não sei definir. Tem dias que penso em você e sorrio como agradecimento por você ter passado pela minha vida. Outros dias você invade meu pensamento sem minha permissão e eu te odeio por isso, por você não ter ficado. E bem quando te odeio, é quando tenho vontade de te ligar, saber como vai você, e depois fazer perguntas das quais já cansei de ouvir a resposta. E depois te xingar, te odiar mais porque agora a gente tem que se tratar de outro jeito, sem firulas, sem nos chamarmos de amor. Não sei se te amo, se um dia te amei, mas te chamava de amor de um jeito doce e sincero. Acredito que era recíproco, mas não sei se já acredito tanto. Acho que inventamos algumas mentiras bonitas e nso fizemos feliz com elas. Dois meses que me valeram o ano, que me tiraram o folêgo, que me fizeram chorar um bocado por você e por mim depois que simplesmente passou... Dois meses? Uma mereca de tempo. Uma mereca de amor. Não, mas acho que não era amor, você costuma confundir essas coisas e me levou nessa também. Era algum derivado, tão bom quanto, mas não era amor, era melhor, porque eu sobrevivi sem te odiar de verdade. Eu odeio o que você fez com meu ego, mas você... não tenho motivos pra te odiar, nem com a razão, nem com a emoção, só com meu ego. Filha da puta de ego que, ás vezes, resolve acabar com a gente. Mas você... você até me consertou no tempo que esteve por perto, fez meu olho brilhar e agora eu acredito. Em você, não muito. Acredito de outra perspectiva, mas ainda acredito. Sabe, além do ego, o que me pertuba um pouquinho é o medo. Medo de ficar igual as pessoas que não largam o passado por nada. Gente que acha que só porque foi bonito e deu certo por um tempo, não pode acabar. Ah, pode sim. Isso eu já consegui entender. Não era amor porque você tem umas ideias sem sentido, porque você é mais teimoso que todos os taurinos juntos, porque você ajuda o Greenpeace e joga lixo na rua (tem lógica isso?). Ontem eu lembrei disso e dei risada, não por suas atitudes (claro), mas pelo fato d'eu ter lembrado dessas coisas. Esse é o último texto que escrevo para falar da gente. Acho que meu repertório de nós dois está se esgotando. Por isso, não vou me dar o luxo de finalizar esse post se a nossa história já chegou ao fim. Vou deixar que Martha Medeiros (que deve ter passado por uma situação parecida) finalize por mim:
"Se não era amor, era da mesma família. Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados. A carência. A saudade. A mágoa. Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não se sabe se vai ser antes ou depois de se chocar contra o solo.
Eu bati a 200 km por hora e estou voltando á pé pra casa, avariada.
Eu sei, não precisa me dizer outra vez.
Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adultos.
Talvez este seja o ponto. Talvez eu não seja adulta o suficiente para brincar tão longe do meu pátio, do meu quarto, das minhas bonecas.
Onde é que eu estava com a cabeça, de acreditar em contos de fada, de achar que a gente muda o que sente, e que bastaria apertar um botão que as luzes apagariam e eu voltaria a minha vida satisfatória, sem seqüelas, sem registro de ocorrência? Eu não amei aquele cara.
Eu tenho certeza que não. Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada.
(...)Não era amor, era de tarde. Não era amor, era inverno.
Não era amor, era sem medo. Não era amor. Era melhor".

Fim

domingo, 17 de julho de 2011

"Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas" - Clarice Lispector

Aquela canção...

Era sexta-feira e o show do Michael Bublé estava passando na tv. Fazia tempo que eu não ouvia aquelas canções de ar antigo, mas que ainda fazem todo sentido. Ele não é meu cantor favorito, mas o engraçado é que três das minhas músicas favoritas são cantadas por ele. São compostas por ele (Para quem não sabe, tenho mania de pesquisar letra de música). E eu fico me perguntando o motivo dele ter escrito aquelas palavras e encaixá-las em uma melodia tão docemente. Vai saber. Sei que me identifico. Everything é a tradução do amor. Home é a tradução da saudade. Haven't Met You Yet traduz o desejo. Coisas tão distintas que podem se misturar, ou não.



Muitos não entendem porque tatuei um coração feito de duas notas musicais no braço direito. Afinal, eu não sei tocar nenhum instrumento musical e muito menos levo jeito para cantar. A questão é que minha vida é um disco sem fim, um mp3 com músicas que não acabam, uma trilha sonora de um filme que ainda não terminou... E eu estou lá, cantando junto, dançando no ritmo da música e outras vezes dançando por estar fora do compasso,  to lá mudando de faixa, pulando, pedindo bis (ah já acabou?). Eu to lá decorando letras, recordando pedaços de mim em cada refrão. Eu coloco música para me inspirar, pra lavar louça, cozinhar alguma coisa, pra ficar deitada na cama pensando no que foi, no que é e tentando prever o que vai ser. Cada lugar tem uma música diferente. Cada pessoa tem uma canção que nos faz lembrar, ou quem sabe um cd inteiro. Eu não sou pagodeira, funkeira, emo, roqueira, música popular brasileira, internacional, alternativa... (Vamos parar com essa "obrigação" de querer classificar tudo?). Meu humor, ás vezes bossa nova, ás vezes rock'n roll, e nos intervalos eu sou a música que tocar... No youtube tenho uma lista de 141 vídeos - começando por Put your records on (...tell me your favorite song. You go ahead, let your hair down...) - que, cada um do seu próprio estilo, me encantam. Geralmente prefiro as performaces ao vivo, sem muito teatro, sem playback, a música alí do jeito que tem que ser, porque a vida é assim... Uma canção atrás da outra, com letras ou apenas um putz putz que depois de um tempo me deixa maluca, com direito a desafinos, mudança de estilo, pausas para descanso, mas sem stop, porque quando a música parar de vez, já não é mais música, já não é mais vida.
"Are we human?
Or are we dancer?"
(Human - The Killers)
*

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Não é justo.

"Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram".
- Clarice Lispector

Eu conheço alguns dos meus pontos fracos e não acho justo jogá-los nas suas costas - embora eu tenha pensado nisso algumas vezes. E eu pensei bem... Não é justo com você, nem comigo. Chega ser triste admitir que não vale mais a pena e quando eu me esqueço disso (sim, ás vezes me esqueço disso por lembrar tanto de outras coisas, outros momentos), eu penso em jogar o pouco que te conheço na sua cara. Aumentar seus defeitos (que nunca me pertubaram), suas frases manjadas. Te dizer: "Então é assim que você faz?" e moldar a nossa história de um modo que só existam as minhas "verdades". Mas isso é tão ridículo e eu não sou assim. Eu vou dormir pensando milhares de coisas e engulo minhas verdades. Engulo meu orgulho, minhas frustrações com um copo d'água. Tudo bem, eu não aceito tudo assim tão bem. Ás vezes eu acho isso tão injusto. Mas quem sou eu pra julgar alguma coisa? Acho que injusto mesmo é culparmos alguém por fazer o que foi feito, por sentir de outro jeito, por ser louco a distância... Injusto é sermos julgados pelo o que sentimos, pelo tempo e até pelas coisas que ainda não fizemos. Injusto mesmo é julgarmos sem querer sermos julgados.

Tem um coisa que eu to aprendendo... 
Nem tudo que você acha errado, você pode consertar.
Ai te restam duas opções: aceitar ou jogar fora.

Tem um coisa que eu to sentindo falta... 
O silêncio, mesmo quando não há ninguém por perto.
Palavras que me faziam sorrir, sem eu perceber. 
Ai me restam duas opções: aceitar ou ouvir quem não tem nada a dizer.


"Você sabe onde o seu coração está?
Você acha que pode encontrá-lo?
Ou você o trocou por alguma coisa
ou algum lugar que valia mais a pena ter?
Você sabe onde seu amor está?
Você acha que o perde?
Você sentia isso de um jeito tão forte,
mas nada ficou do jeito que você queria


Abençoe a minha alma
Você é uma alma solitária
Porque você não esquece
Nada que você ama


Tudo que eu preciso
É o ar que eu respiro
E um lugar pra descansar
A minha cabeça

Você sabe qual é o seu destino?
E você esta tentando mudar ele?
Você está dando o seu melhor
No seu melhor visual
Você está rezando para superar isso

Abençoe a minha alma
Você é uma alma solitária
Porque você não esquece
Nada que você ama
(...)
Eu disse, tudo que eu preciso
É o ar que eu respiro
E um lugar para descansar
A minha cabeça


Você sabe qual é o fim?
Você acha que pode vê-lo?
Bem, até você chegar lá
Siga em frente e grite isso
Só diga isso"

(Say (All I Need) - One Republic)

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sexta-feira, 8 de julho de 2011

Onde foi parar o senso?
(a verdade e a sensibilidade nem sempre fazem parte do mesmo discurso)




Essa noite eu sonhei que fugia. Seria bom se fosse verdade, se eu tivesse coragem e se isso resolvesse meus problemas. Meus dias andam bipolares. A felicidade de uma roupa nova dura uma tarde. Comprei sapatos também, mas não sou Cinderela e tenho que encontrar uma roupa nova que me vista por dentro, essa é a verdade. Outra verdade é que tenho achado contos de fadas uma verdadeira chatice, mas lá fora eu sorrio com um tom de desespero e finjo acreditar que alguma coisa pode me salvar de mim mesma, daquilo que sinto. Eu finjo que algumas coisas podem ser engraçadas, mas não admito que você ache graça sem meu consentimento. Cadê meu senso de humor? Não sei. Só sei que quando eu começar a rir do meus caos é porque as coisas melhoraram. (Como uma criança impaciente me pergunto o tempo inteiro se isso vai demorar). Agora tudo que consigo fazer é enviar currículos mesmo sem ter um portfólio descente, é criar trabalhos para fazer com que meu portfólio fique descente, ler qualquer livro e, ás vezes, ficar distante. Antes os dias eram lentos, mas agora os dias passam rápido (e eu não consigo definir qual dos dois é melhor) e tem noites que eu me desespero e vou dormir chorando, rezando (logo eu que acho que nem existe tanto santo assim por aí, bom mas sempre deixei claro que não preciso de religião pra ter fé). Tem dias que tudo bem, eu to indo. Eu sei, tenho que ser mais positiva. Eu to tentando, eu juro. Eu juro que faço e cruzo os dedos pedindo pra dar certo. Eu juro que não fico a toa na frente do computador. Eu to atrás de uma ideia, de uma solução, to atrás de mim (onde que eu estava mesmo?), to até tentando a sorte, semana passada tomei um banho de 21 ervas - graças a Dona Luiza senhora minha mãe que também me deu um anjo Miguel tamanho médio de presente. Mas no fundo, eu não espero nada além do que possa vir de mim. Eu não gosto de me explicar, mas tenho que ficar provando (tenho mesmo?) que não sou fútil, inútil e que não gostaria de estar aqui, "assim". Poxa eu tenho um milhão de sonhos. Eu quero trabalhar numa editora, ter uma casa só minha, escrever um livro, quero viajar mais, aprender a praticar Yoga, voltar para a dança, quase aos 30 ter uma filha ou um filho. Então pode ter certeza que eu não to a toa, não to esperando ganhar na loteria, nem que ele fique, nem que meus pais me sustentem a vida inteira, nem que o príncipe e seu cavalo venham me salvar. Será que não dá pra ver? Acho que não, porque ao contrário de muita gente que fala demais pra se convencer que faz tudo aquilo que fala, eu falo pouco sobre as coisas que ainda não sou (escrevo muito, eu sei, mas eu nunca disse que seria perfeita). E te pergunto: O que você ganha em saber o que eu to fazendo da minha vida? Pra mim, gente que fica dando ordens e opiniões o tempo inteiro, dá pouco exemplo, em outras palavras... fala demais, não tem coragem de fazer e joga expectativas em você. Claro que não devemos deixar de escutar o que os outros tem a nos dizer. Escutar é fundamental, principalmente os mais velhos e as pessoas que amamos. Também é fundamental parar um pouquinho o que você está fazendo e analisar as estatísticas. No mundo de hoje, não dá pra cair em qualquer cilada só porque você é a única pessoa que acha que pode dar certo. A vida tem me ensinado que devemos sim escutar o coração, nos permitir e confiar, mas que a razão é aquele aparelhinho que nos faz escutar melhor, nos faz entender as palavras do jeito que elas realmente são, pois sinto em informar... Todos nós temos problemas de audição. Falamos de mais e escutamos só o que queremos ouvir. Todo mundo foi, é ou será assim pelo menos algumas vezes na vida. É preciso sabedoria para filtrar informações. Força para não ser sugada pelas pessoas, engolida pelo mundo, pra não desistir de ser a gente mesmo e virar marionete. Como já disse, meus dias andam bipolares. Uma montanha-russa da qual eu desejo que, ao menos, me divirta um pouco no final da brincadeira. Comecei a escrever esse texto há dois dias, quando o carrinho parecia despencar dos trilhos. Hoje concluo tantos pensamentos com quase uma súplica: pare de dizer do perigo, pare de falar tanto, me deixa, vai pra outro lugar, vai pro inferno, me deixa ter medo, me deixa ter adrenalina, me deixa sair de lá pronta pra outra (a propósito... você devia tentar também). Não me espere, não espere que eu te salve das suas causas perdidas, não queira me salvar (das minhas causas, cuido eu). Não me venha com dó, porque acho esse sentimento triste e pequeno demais. E de triste, já basta aquelas pontadinhas que de vez em quando dá no peito. Se quer meu bem, exerça amor por mim e só, mas entenda que não possuímos as pessoas, sentimos amor por ela e nada mais.


CLASSIFICADOS
Vivemos classificados.
Pequenos anúncios trazem a todo momento
Um novo sentido à nossa história
Uma casa para morar
Um coração para amar
Uma emoção preliminar
Uma expressão para sintetizar
O anúncio da nossa existência?
Vamos comemorar a nossa insistência!!!
(Fernanda Mello)



Beijos.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Complementando a última postagem, vale a pena assistir o vídeo abaixo pra gente tentar entender um pouquinho mais essa coisa da vida:

infinitos aeroPORTOs.
(00:32am). Segunda-feira com sensação de que ainda é domingo. Eu, que andei economizando palavras, me policiando pra não me escrever inteira, me privando do drama e da lama, resolvi ligar o computador pra escrever. (Sou assim, tem dias que gosto de rascunhos no papel, outros dias prefiro o som das teclas. Sim, podemos realizar o mesmo objetivo de maneiras diferentes, mas isso não vem ao caso – não hoje). A questão é que eu chorei agora pouco assistindo ao programa “Chegadas e Partidas” no GNT (essa TPM ainda acaba comigo com tanta sensibilidade!). Fazendo um calculo sem sentido com minha idade e a qauntidade de lugares que temos para conhecer, chego a conclusão de que viajei pouco, sou tão pequena diante dessa coisa chamada Terra, mas tenho certa segurança em dizer que um dos lugares mais incríveis do mundo se chama aeroporto. Para muitos, não é considerado a melhor parte da viagem, mas nem por isso deixa de ser essencialmente incrível (outros dizem que a melhor parte da viagem é o caminho que te leva até lá). Imagine um lugar cheio de histórias, com milhares de vidas que se cruzam, se conectam, se esvaem, depois se reencontram – ou não. Lugar cheio de saudade, de desejo, de vontade... Imaginou? Sei lá, aeroporto é mais que isso. Quando voltava ao meu porto seguro, depois de uma experiência em um cantinho que falava coisas em outro idioma do qual muitas vezes eu fiquei sem entender, na conexão de Washington - Brasil eu conheci um cara que iria reencontrar o pai depois de dez anos. (Dez anos? Toda vez que me recordo disso eu penso: “Minha nossa, dez anos é muito tempo!”). Conheci a menina que ficou longe de casa por três anos e depois de ter aprendido bastante, voltava com um bichinho de pelúcia nos braços, assim como eu. Conheci a moça que me contou como conheceu seu marido no exterior, sendo que ele morava na mesma rua da avó dela e eles nunca tinham de visto. Conheci a avó que foi viajar para visitar os netos e contava histórias engraçadas das quais tinha vivido. Foi no aeroporto que eu encontrei um funcionário da companhia aérea que falava português com um sotaque estranho quando eu estava nervosa e chorando por ter perdido vôo. O programa da GNT mostrou mais algumas histórias. A do pai que viajou pra conhecer a filha recém nascida, do cara que esperava o marido do qual é casado por dez anos, da menina que esperava a chegada e algo mais de um amigo que só conhecia através da internet (mas ele não apareceu), da mãe que aguardava a filha ansiosamente no portão de desembarque errado. Vendo tudo isso eu descobri, que melhor do que ir por um bom motivo é ter a certeza de que quando voltar alguém estará te esperando de braços abertos e uma saudade linda embalada num sorriso. (Existe combinação mais gostosa do que abraço e sorriso?). Eu já dormi – ou pelo menos tentei – num aeroporto (e não foi esse dia do vôo perdido) e tive muito tempo para observar a quantidade de pessoas que por ali passavam. Ficava me perguntando o quanto aquele lugar fazia parte da vida delas. Férias? Trabalho? Sonhos? O que elas estavam deixando ali naquele aeroporto antes de partir? O que elas deixaram para trás para estar ali? São tantas possibilidades e tipos diferentes de saudades (E quem aqui consegue explicar o que é saudade? Coisa boa ou ruim? Vai saber.) que a matemática seria incapaz de contar. Chegadas e partidas infinitas. Aeroporto é um lugar tão importante que todos temos um dentro de nós, não importa se você é rico, pobre, curte uma boa aventura ou é do tipo mais caseiro. Nós voamos e aterrissamos o tempo inteiro. Pelo menos, eu sou assim. Tem dias que saio de mim, busco o que eu não sei definir, faço experiências ás vezes arriscadas com o que sinto, faço planos imperfeitos e sonho acordada pra ver se vivo aquilo que sonho. Mas gosto de dormir em “casa”, em paz, no meu porto seguro. Nas noites de insônia, eu preciso de um guincho pra me levar de volta á minha origem, pra me tirar o medo, a raiva, a agonia e me deixar outra vez no ponto de partida.  Como diz a música “Coisa que gosto é poder partir sem ter planos, melhor ainda é poder voltar quando quero”. Ah... Milton Nascimento quando esse verso da canção, já sabia. Sabia tudo que eu quis dizer com esse texto. Sabia que "todos os dias é um vai e vem e que a vida se repete na estação". Sabia que nossa vida é um eterno revezamento de encontros e despedidas. Se eu pudesse resumir a vida num lugar, ali seria. Não simplesmente um porto, mas um porto que pudesse voar e chegar e depois partir, e voltar... Mas a verdade é que a vida não se resume, nem as histórias, nem as pessoas... “E assim, chegar e partir são só dois lados da mesma viagem. O trem que chega é o mesmo trem da partida. A hora do encontro é também despedida. A plataforma dessa estação é a vida desse meu lugar, é a vida...” . (1:53 am)

Aviões, trens, ônibus, carros, bicicletas... o meio de transporte pouco importa nessas horas, o importante mesmo é a bagagem que você leva no coração.

Beijos.