domingo, 25 de setembro de 2011


O céu e o inferno de cada um.

Sempre achei que as pessoas confundem absurdamente religião com fé. Eu tenho fé - aquela que diz dentro da gente que tudo vai dar certo no final se a gente se esforçar e se "tiver que ser". Sim, acredito em destino, mas creio que ele apenas faça parte da lei da vida, a lei do retorno, uma lei que fazemos para nós mesmos, dentro dos nossos limites.

Esse não é um assunto muito indicado para se comentar com as pessoas. Nesse caso, o índice de desentendimento pode ser grande. Muitas vezes, quem se diz de "tal" religião já possui uma opinião formada e pronto. São raras as exceções. Esse é um dos motivos deu não gostar de religião. Acho que os outros motivos surgiram nas aulas de história. Não gosto de religião, prefiro filosofia, onde podemos refletir e debater sobre possibilidades. Nunca li a bíblia, alguns podem até julgar certa ignorância da minha parte, mas eu prefiro frases de Gandhi, Dalai Lama, Fernando Pessoa, Cecília Meireles, entre tantos os outros que também sempre "pregaram" o bem... Exemplos vivos com uma realidade bem parecida com a nossa.

Eu já me peguei, numa tarde, em que a vida parecia meio empacada, nada dando muito certo. Vindo do Poupa Tempo depois de ter esquecido um documento que jurava estar na carteira, eu entrei na Catedral da Sé, sentei no banco e comecei a conversar comigo mesma enquanto observava tanta gente ali, tirando foto. Eu não sei se Deus existe (Posso não ter que dizer nem que sim, nem que não?), mas eu entrei ali para ter um momento comigo mesma tentar me entender, entender minha vida. Eu poderia fazer isso em casa, num parque, em qualquer lugar, mas tinha um lugar tranquilo e silencioso no meio do caminho, do qual resolvi entrar.
 
O fato deu não gostar de religião não quer dizer que ache que ela não deva existir. Pelo contrário. Aos poucos fui entendendo que religião não é algo ruim. É a salvação para pessoas que perdem a fé em si mesmas ou em uma situação, voltarem a acreditar em alguma coisa. As pessoas precisam acreditar na força do bem. E lá está o céu, o perdão, uma história de amor e milagres contada através de anos. Acreditar do bem para mim, é sempre válido. O que me incomoda na religião - seja ela qual for - é que muita gente (deixando bem claro que muita gente não quer dizer todo mundo) não consegue enxergar o bem fora da igreja. Exerce pouco. Bem menos do que prega. Muita gente faz merda confiando no perdão de Deus. Muita gente apenas segue regras. Muita gente aguenta injustiça, achando que será recompensado por Deus. Mas se dizem que Deus está dentro de cada um de nós, eu acho melhor fazemos a nossa parte. Mesmo que seja andar com uma figa dentro da bolsa para espantar inveja e trazer sorte. Se você acreditar, vai funcionar!

 
Fiz catequese, tive que ir a missa algumas vezes, outras poucas fui de vontade própria e vi muita gente que, na verdade, não estava ali. Estava reparando na mulher do lado, fazendo fofoca da vizinha, gente com rancor do outro, gente que nega o próximo por ser é diferente, gente que joga a responsabilidade nas costas do outro e nas mão de Deus. Gente de muita religião e pouca fé.

Há muita coisa nessa vida que não sabemos explicar, mas por que impor uma resposta? A vida, com o tempo vai nos ensinando lições valiosas e tão importante como as dos antigo e novo testamentos. A vida vai nos mostrando que o céu e o inferno pode ser aqui mesmo, dentro ou fora de você.

"Minha mãe tem um grande amigo padre, com quem eu convivo desde sempre. Ele sempre ressaltou que embora eu não seja católica, meu comportamento é mais admirável que o da maioria das carolas que rezam todo domingo na missa das 18h. Minha fé nos outros e em mim me mantém na linha." Li isso numa coluna no site da Revista Bula essa semana. Aliás, foi essa coluna somada a música Fátima cantada pelo Capital Inicial no Rock'n Rio, entre outros pensamentos que me inspiraram a escrever esse texto.



"Vocês esperam uma intervenção divina
Mas não sabem que o tempo agora está contra vocês
Vocês se perdem no meio de tanto medo
De não conseguir dinheiro pra comprar sem se vender
E vocês armam seus esquemas ilusórios
Continuam só fingindo que o mundo ninguém fez
Mas acontece que tudo tem começo
Se começa um dia acaba, eu tenho pena de vocês
E as ameaças de ataque nuclear
Bombas de neutrons não foi Deus quem fez
Alguém, alguém um dia vai se vingar
Vocês são vermes, pensam que são reis
Não quero ser como vocês
Eu não preciso mais
Eu já sei o que eu tenho que saber
E agora tanto faz
Três crianças sem dinheiro e sem moral
Não ouviram a voz suave que era uma lágrima
E se esqueceram de avisar pra todo mundo
Ela talvez tivesse um nome e era: Fátima
E de repente o vinho virou água
E a ferida não cicatrizou
E o limpo se sujou
E no terceiro dia ninguém ressuscitou"
(Fátima - Capital Inicial)

Uma ótima semana para todos nós
e que a fé em nós mesmos
e em nossa capacidade de exercer o bem
nos livre de todo o mal.
Amém.

sábado, 24 de setembro de 2011

SHOW ME
It's rain, but life is burning and I feel I shouldn't be just a good girl... What are you feeling?

Vamos lá, arranque minhas palavras, me deixe sem nada
porque eu quero ver o circo pegar fogo
eu quero ver você despir o pensamento
causar avoroso
Vamos lá, tire essa falta de sorriso da cara e me faça dançar
porque eu quero não me sentir estranha sozinha
eu quero ver você se movimentando sem pensar em nada
me fazendo descobrir um passo novo
Vamos lá, quebre meu espelho e pegue a realidade pra você
porque eu quero ver o reflexo dos meus olhos nos seus
eu quero ver como você reage, ama e se diverte
e agora, que vontade que te dá?
Vamos lá, me rascunhe, me passe a limpo
Faça seus traços nos espaços em branco
Deixe suas marcas em algum lugar
porque esse texto não tem dono
Vamos lá, tire essa fantasia e não me venha com essas roupas manjadas
seu nome, seu endereço, suas etiquetas, seu cartão de crédito
ah... eles não me dizem nada sobre você
Eu vou te interrogar do começo ao fim pra descobrir e você nem vai perceber
Qual é o meu nome? Você acha que me conhece garoto?
Eu nunca lhe disse que sou apenas uma boa menina
Você está escutando esse som? Vamos lá, vamos dançar.
Talvez esse seja o melhor que você pode fazer
Não se esconda, mostre quem você realmente é
O que está esperando para mostrar sua criatividade?
Eu não quero saber disso através de mensagens
Eu não quero saber, eu só estou esperando a música terminar
Eu estou decidindo se eu quero ir embora
ou deixar que você me veja através de um vidro sem poder chegar perto
Sem poder sentir nada, sem poder...
e agora, que vontade que te dá?
Vamos lá, jogue esse guarda chuva no lixo e se liberte antes que seja tarde
Está chovendo lá fora e você não pode se proteger o tempo todo
Mais tarde as ruas irão pegar fogo e você não pode se proteger o tempo todo
Qual é o meu nome? Você acha que me conhece garoto?
Eu nunca lhe disse que sou apenas uma doce menina
Mas isso também não quer dizer que sou cruel. O que você quer?
O que você quer, nem sempre é o que você tem
A vida me ensinou a fazer por onde
Me ensinou a também não acreditar em conversa fiada
As pessoas costumam dizer que podem ir muito longe
Eu não me surpreendo, difícil mesmo é se aproximar
Vamos lá, me mostre do que você é capaz.

Ps: Estou ouvindo tantas histórias ultimamente, tenho as minhas também... Resumindo: esse texto é dedicado a todos os caras que acham que nos conhecem e acham que estão fazendo a coisa certa (sempre as mesmas estratégias hein rapazes! rs)

"Baby you're a challenge, lets explore your talent"
(What's my name? - Rihanna)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Um pedacinho do mundo...


" Se meu coração não se emociona mais, fiquei me perguntando o que eu estava fazendo ali. Se não sonho mais, não planejo mais, não desejo mais, não espero mais nada, o que eu estava fazendo ali?"
(Tati Bernardi)



  A semana nem bem começou e eu já tenho tanta coisa para escrever. Umas boas, outras nem tanto. Aos poucos minhas palavras vão mudando, vão se renovando ou se calando, vão embora sem se despedir... Certas coisas na vida nos deixam assim, sem palavras - simplesmente pelo fato de não ser novidade. A mente quer uma coisa, mas a intuição sabe (e como sabe) a verdadeira resposta. Não adianta insistir.

  Domingo estava falando disso com uma pessoa. Chega a ser meio triste não se surpreender mais com as coisas e com as pessoas. Mas é o que acontece depois de um tempo. Depois de perceber que o mundo ta do avesso. Ai me vem aquela música da Pitty na cabeça "Será que eu já posso enlouquecer ou devo apenas sorrir?". Então eu sorrio, porque dizem que o sorriso é o melhor remédio, cura tudo. Eu tenho que acreditar em alguma coisa. Impossível viver sem acreditar em nada.

  "Te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia. Me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez.” Essa dai foi o Caio Fernando Abreu que me apareceu no facebook de alguém semana passada. Curti. De VERDADE. Então eu sorrio e tenho fé - em quem eu sou, fé na vida, nos meus sonhos e em todas as leis do universo. Eu até acredito nas pessoas, em partes, porém não creio que elas vão melhorar o mundo porque EU quero. Nem meus amigos, porque seria exigir demais deles. Amigos servem para compartilhar, apoiar, abraçar, dar conselhos... Mas a nossa vida é a gente quem faz. Ninguém mais.

  Então eu sorrio, tenho fé e não exijo mais de nada que não possa partir de mim. Nem mais, nem menos. Se for preciso, eu junto meus versos, recolho minhas frases, me remonto e desfaço daquela velha opinião formada sobre tudo. Nada de orgulho feio. Pra mim, orgulho só se for bonito.

  Hoje fiquei orgulhosa. Li minha coluna impressa numa revista linda, enquanto estava no metrô. E imaginem só... o que eu escrevi lá faz todo o sentido! Difícil explicar a sensação, até porque certas coisas não se explicam. É como se eu tivesse conquistado um pedacinho de um mundo imaginário. Mas uma coisa eu te digo... a nossa imaginação move a realidade... No final das contas, é só a gente mesmo.



Felicidade?

Disse o mais tolo: "Felicidade não existe."
O intelectual: "Não no sentido lato."
O empresário: "Desde que haja lucro."
... O operário: "Sem emprego, nem pensar!"
O cientista: "Ainda será descoberta."
O místico: "Está escrito nas estrelas."
O político: "Poder"
A igreja: "Sem tristeza? Impossível.... (Amém)"

O poeta riu de todos,
E por alguns minutos...
Foi feliz!

(O Teatro Mágico)

*

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

No embalo de um sábado inteiro...


*As conversas abaixo foram editadas, porém de maneira alguma inventadas.
E tudo se estendeu para o outro dia...
 Um fim de semana agradável cheio de boas companhias ;)

- O que ta fazendo de bom?
- Arrumando meus brincos. Jogando os velhos fora e vou sair pra comprar novos.
- Acordou inspirada hoje.
- Sim.. Quer ir junto? to com saudade de você.
- Ah, eu quero!
- Vou sair de casa as duas, te encontro lá.

- E nosso passeio ta de pé?
- Sim, claro.
- Vamos fazer o que?
- Vamos num barzinho por ai, colocar a conversa em dia.
- Aeee
- Vai vir pra cá que horas?
- Vou tomar um banho, acabar um trabalho e já vou
- To te esperando! Mas você ta bem? Ta com voz de triste ou cansada...
- To meio triste, meu passarinho fugiu. A tia cortou as assas dela, mesmo assim ela fugiu.
- Que passarinho insistente! Vem pra cá, vamos conversar que a tristeza passa.

- E ai, você ta bem?
- To e você?
- Também. Aconteceram várias coisas essa semana. Ontem foi um dia agitado.
(...)
- Mas vai ser transferido ou não?
- Acho que depois do alvoroço a probabilidade é maior para não
- Entendi...
- Vai no churras amanhã?
- Vou não...
- Ah por que?
- Acho que vou sair amanhã. Já tinha avisado que não ia.

sms:
_Se for pra Av. Nova me dá um toq, beijos.
_Nem sei se irei mais pra la. Mas amanhã iremos pra cotia ou só o cine? Bjs
_Cotia estou sem carro (...)mas o cine está de pé!! Q filme?
_Então deixa cotia pra outro dia rs. To a fim de ver Homem do Futuro, disseram que é bom. 16h no shopping, pode ser?
_Ok eu topo!! :)

- Oie.. sou eu. Viu... vou sim lá no churras, porque só vou sair as 15h30, vai dar tempo.
- Ah.. legal... que horas vai chegar?
- Lá pra meio dia. Pode ver pra mim se tem problema deu dar os 20 reais lá?
- Beleza, eu coloco sua parte e amanhã você me dá.
- Combinado. Até amanhã, bjos

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A simplicidade das coisas me encanta. Aquela letrinha do meio da frase, aquele sorriso que você não consegue controlar, aquela conversa sem restrições de nós mesmos. Aquela fotografia que te transporta para outro lugar. Aquele barulho parecido com o mar, que te leva pra longe. Aquela resposta que te surpreende. A surpresa que algumas dúvidas lhe trazem.

Eu sou assim, metade urbana demais e metade hippie. Necessito da minha internet funcionando tanto quanto necessito de uma folga de corpo e alma em algum lugar que me deixe sem sinas e sinais. Preciso dos meus momentos sozinha tanto quando preciso de gente ao meu redor. Amo a cidade, tenho uma paixão - que não sei de onde veio - pela Av. Paulista. Ontem fui a um festival de cultura popular paulista aqui perto de casa, no parque do Trote. Aquele barulho artificial de passarinho me irritou, estou tão acostumada com barulhos de carros... Mas para compensar, comprei um objeto que faz um som parecido com um barulho da natureza do que não sei direito explicar. Só sei que até meu fígado sorriu. Como se a natureza inteira tivesse vindo até mim.

A vida é isso, um equilíbrio entre a terra e o asfalto, o branco e o preto (por que não um arco-íris inteiro?), entre quem somos e quem queremos ser... De um modo geral, bem simples - principalmente quando paramos de inventar tantas desculpas para si mesmo e aceitamos que gostamos de coisas distintas. Tanto de sol quanto de chuva. Tanto de beijos quanto momentos de solidão. Tantos de sorrisos quanto dias que é preciso tirar a lágrima engasgada da garganta. Não acho que ter personalidade seja sinônimo de andar com uma etiqueta pendurada, com um rótulo especificando se você é eclético, underground, pobre, rico, negro, branco, pirado,  careta... e um discurso que diz algo do tipo: "seja sempre feliz, despreze tudo que não for rock, fique bêbado em todas as festas que for, escolha sempre sorvete de flocos...". Nós podemos ser o que a gente quiser. Podemos fazer o que acharmos melhor... Então por que se limitar tanto? Por que censurar nós mesmos e os outros? Por que gostamos de complicar o que pode ser resolvido com um simples ato de espontaneidade?

 Quer um exemplo de auto censura? Repare só ao seu redor quanta gente reunida falando sobre o tempo, novela e injustiças desse mundo. Pessoas caladas com medo de serem mal interpretadas. Não estou dizendo que temos que sair por ai falando tudo que realmente pensamos, muitas vezes é melhor mesmo manter a boca fechada. Mas isso é para  os casos trágicos, digamos assim...rs. Não acho que deveria valer para bons sentimentos ou coisas que nos pertencem. Eu não estou te pedindo em casamento se eu disser que adoro sua companhia. Nem estou dizendo que te odeio, se eu tiver de mau humor e quiser ficar na minha. Entende? 


Simples assim!


Ps: As imagens abaixo são do Danilo Siqueira da qual sou fã do seu trabalho... 
Tanta simplicidade registrada... Já disse, isso me encanta 
=)





beijos mágicos e simples.



domingo, 11 de setembro de 2011

"Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos, um filme mais ou menos ,um livro mais ou menos.
Tudo perda de tempo.
Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu asco, sua adoraçao ou seu desprezo.
O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia."

(trecho de O Divã) - Martha Medeiros


Não é alegria. Não é tristeza. Não é compaixão. Não é desprezo. Sei lá o que me dá. Deve ser alguma coisa, porque também não é indiferente. Não é expectativa, nem desilusão. Não é tudo, mas também não é nada. Deve ser metade de alguma coisa, porque também não é inteiro. Não me consome, mas também não mata a fome. Pode ser o significado de uma palavra que eu nunca ouvi. Algo mais ou menos? Será? Mas não digo que seja uma perda de tempo. Talvez seja apenas a vida passando em silêncio. Talvez seja uma folga de um sentir que muitas vezes me deixa cansada. É... ontem, antes de dormir, eu pedi umas férias de mim mesma, parece que "aceitaram" meu pedido. Eu e meu espelho. Nos aceitamos. Nos olhamos fazendo com que o resto do corpo apenas cumprisse suas funções e nada mais. Sem frio na espinha, sem dores de cabeça ou de estômago, sem falta de ar, sem espanto. Chega a ser estranho a falta de conflitos internos. A vida está sendo aceita sem muitos questionamentos e com mais respostas, que nem parecem novidades. E eu que sempre desprezei as coisas mornas, sinto-me num momento necessário onde a pertubação e o caos que criamos em nós mesmos têm que deixar de existirem, para que possamos continuar a viver. 
*

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Gente

Sinto falta...
Falta gente apaixonada. Gente com mais coragem. Gente que diz mais sim que não. Gente que é. Gente que faz. Gente que sorri - por dentro. Gente que chora quando tem vontade. Gente que ri alto sem vergonha. Gente que não se esconde. Sinto falta de mais de nós mesmos. Só mais um pouquinho, vamos, sei que você consegue. Gente que abraça, que canta junto, que dança esquisito. Gente que tem palavra, frase, verso. Gente que sai da rotina, que anda descalço, que toma banho de mangueira, que brinca de esconde-esconde. Gente que ainda exerça um pouco da infância. Gente que nos dê boas surpresas. Gente mais segura e com menos orgulho. Gente que age por intuição. Gente que se joga de corpo, alma e coração. Gente sem muitos traumas e opiniões formadas. Gente que se renova a cada ano que passa. Gente com menos medos. Gente que muda. Gente com essência. Gente que se preocupa com a saúde. Gente que vê mais qualidades que defeitos. Gente que vê mais igualdades que diferenças. Gente, assim... mais gente!

Ás vezes ando na rua e vejo tantas pessoas, sérias, automatizadas, olhando para a mesma direção. Sinto falta de gente. Por onde a gente anda?

"Não sei porque mas às vezes me sinto tão bem
Mas desta vez com certeza
Vou usar meus minutos guardados
Eu tenho a paz de um riso livre
A gente, se entende, se sente, tão bem"
(A Gente - Jota Quest)
*

domingo, 4 de setembro de 2011

Conversar sobre o que acontece nos desperta algum tipo de coragem. Eu sai do cinema e aumentei o volume da música que tocava no rádio do carro. Abri os vidros e desafiei o vento que bagunçava meus cabelos. Eu queria ver você. Não me pergunte o motivo. Eu queria ver você e gastei vinte reais de combustível. Eu queria ver você, mas parece que você era apenas um fantasma sem celular. E talvez se você tivesse aparecido, você ficaria vermelho de vergonha. Eu poderia até imaginar. No caminho, todos os faróis ficaram vermelhos. Não sei se acredito em sinais, mas nem tudo que eu quero eu consigo e hoje você fez parte disso... Engraçado, pois dessa vez eu não me entristeci. Eu voltei para casa com faróis verdes. Curtindo a música do rádio. E entendendo que nem sempre preciso de mais do que já tenho. Parando pra pensar... acho que não precisamos tanto assim um do outro, o que nos torna meio "sem-graça", você não acha?!

sábado, 3 de setembro de 2011

POLITICAMENTE INCORRETO.

Chega sexta e minha mente está exausta. Essa semana eu tentei desacelerar, sair da rotina e combater de todas as maneiras possíveis o estresse diário. Deu certo, quase certo até hoje, ás 18hs.


Não teve um dia do qual cheguei ao metrô e não pensei em escrever uma carta de indignação ao prefeito, governador, presidente, ao papa. Não teve um dia do qual cheguei ao metrô e não pensei em convocar (quem dera eu tivesse esse poder) uma emissora de TV aberta para desmascarar a realidade que mostram em época de eleição.

Eu fiquei imaginando os políticos no debate se glorificando pelas estações novas do metrô, pela “facilidade”, “tecnologia”... Ah, me poupem. Não se deixem iludir, as estações novas enganam. São bonitas, porém nem tão eficazes. A transferência do metrô Consolação para a linha amarela nos horários de pico mais parece uma procissão. As pessoas que vão embarcar nos novos belos trens caminham pelo lado direito, mas têm que descer as escadas que ficam do lado esquerdo. Enquanto os que estão chegando fazem o trajeto oposto. Nessa hora não adianta pressa meu bem, porque o processo é lento.

Uma das novas estações, no caso a que eu freqüento (por necessidade, claro) a do Butantã não possui guichês de recarga de Bilhete Único na estação. Me perdoem, na verdade possui sim, são duas máquinas que nunca possuem sistema na hora que passo por lá, por volta de oito e meia da manhã, que não lhe dão troco e não aceitam cartão de débito.

Ou seja, se você acorda cedo para ir ao trabalho e descobre que está sem crédito no bilhete, foda-se. Agora, se você está voltando do trabalho lá pelas 18hs (esse horário as máquinas possuem sistema), possui uma nota de 20 reais, mas só gostaria de colocar 10 reais no bilhete, surpresa!, foda-se, pegue uma fila para trocar o dinheiro na bilheteria do metrô e depois outra fila para recarga. Ou gaste seu dinheiro obrigatoriamente para ter uma nota no valor exato. Mas se você quer recarregar 50 reais com cinco notas de dez. Insira uma nota, a máquina irá processá-la, você vai confirmar, depois vai escolher a opção de inserir mais notas, irá inserir outra nota, a máquina irá processar novamente, você vai confirmar e depois escolher a opção de inserir mais notas... Foda-se quem está na fila esperando você concluir esse longo processo.

Eu sou a favor das máquinas – quando elas tornam um trabalho manual mais eficiente. Mas me pergunto se nesse caso, colocar uma ou duas pessoas a mais gente trabalhando com recargas de Bilhete Único no metrô iria complicar tanto. Ah... Deixe-me ver se eu entendi: É legal complicar, talvez isso venda mais bilhetes de metrô e talvez isso seja mais lucrativo para a empresa privada das linhas novas e belas amarelas, IMAGINO eu.

Isso é um dos motivos deu não me orgulhar do meu país ser sede de uma copa do mundo, olimpíadas, ou qualquer outro evento internacional. É no mínimo vergonhoso, pois não acho que estamos preparados para receber visitas. Somos mal educados com os próprios membros da nossa família. Digo SOMOS porque a culpa não é só da política e da má organização do metrô de São Paulo. A culpa também é daquele cidadão que fala mal do governo, mas joga entulho na calçada do vizinho; Que joga garrafa de cerveja pela janela e reclama que o gari não limpou a rua; Que insiste em não respeitar orientações, fura fila ou sai empurrando todo mundo gerando uma seqüência de empurrões sem necessidade. Sabe aquele “jeitinho brasileiro”?! É uma porcaria. Um tentando ser mais rápido e esperto que outro.

O funcionário fala repetidamente, embarque sentido Butantã no fim do corredor a direita, mas para que andar tanto? Vamos esbarrar em todo mundo aqui mesmo e descer por aquela escada ali. Palmas, palmas, você é um grande esperto e mesquinho. O único que quer chegar logo em casa e por isso não ter obrigação de pensar no coletivo. Palmas para você!

Eu gostaria que, não só no Carnaval, na Copa ou nas Olimpíadas, os visitantes voltassem aos seus respectivos países falando o quanto somos receptivos, organizados e alegres e que isso fosse verdade. Sou a favor do patriotismo. Acho que o Brasil é um país de muitas qualidades, porém não acho que o brasileiro seja a principal delas. Claro que tudo tem suas exceções e se você se sentiu ofendido com esse comentário, você tem baixa auto-estima.

Sim, somos um povo de baixa auto-estima. Não gostamos de ouvir críticas, nem algumas verdades. Vejo muita gente dizendo que não gosta de americano sem ao menos ter conhecido um. Engraçado que muitos americanos possuem um estilo de vida melhor que o nosso – nesse caso, então, não entendo a crítica. Muita gente não gosta de Argentino por causa da rivalidade do futebol. Curioso, não achei que se eu mudasse de time isso influenciaria no meu caráter.

Adoramos fazer piadas com outros países, com os portugueses, loiras, gays e quando o ator e comediante Robin Williams resolveu fazer uma piada sobre a escolha da sede dos Jogos Olímpicos de 2016, dizendo “Espero que ela (Oprah) não esteja chateada de perder as Olimpíadas. Chicago enviou Oprah e Michelle. O Brasil mandou 50 strippers e meio quilo de pó. Não foi justo”, nós nos ofendemos como se tivéssemos as atitudes mais corretas do mundo. Se não estamos prontos para entender que uma piada é apenas uma piada, e rir dela, (afinal, TODA piada possui um alvo) não acho que estejamos prontos para eventos sérios.

Muita coisa deveria mudar no nosso país. Talvez uma política mais justa fosse capaz de resolver algumas coisas. Talvez senão jogássemos toda a responsabilidade nas costas da política, resolveríamos muitas coisas. Talvez quando começarmos a rir das piadas certas ao invés de achar graça do horário eleitoral. Talvez se aumentarmos nossa auto-estima e diminuíssemos nossos preconceitos. Talvez. Não custa tentar.

*