terça-feira, 27 de março de 2012

Sei lá...

Sei lá, eu não deveria me importar com coisas pequenas. Não mesmo. Mas quando vi, estou eu ali, pensando e pensando, martelando conclusões sobre mim. Dizem que detalhes fazem a diferença. Eu concordo. Sem detalhes tudo seria igual, incluindo o que sentimos. O que são detalhes então? eu me pergunto. É um reconhecimento, um sorriso, um abraço sem motivo, um nariz de palhaço, um voto de confiança, é tentar transcender o que se sente, é dizer se gosta - só se for verdade - e o contrário também. É não ter tanta pressa, é pedir desculpas olhando no olho, é insistir quando a gente desanima.
As pessoas ao nosso redor possuem um valor incalculável, mas talvez não se deem tanta conta disso. Quando falamos que não nos importamos com o que os outros pensam, isso provavelmente não inclui nossa família. Queremos que eles fiquem orgulhosos de nós assim como ficamos orgulhosos de nós mesmos. Chegar onde queremos não é fácil, é uma luta constante, um passo de cada vez, uma soma de conhecimentos, erros e aprendizados. Seria legal se as pessoas vibrassem conosco e parasse um pouquinho pra prestar atenção na nossa trajetória. Chegar onde se quer é legal, mas o caminho é um detalhe importante.
Sei lá, to meio chateada desde a semana passada, embora não quisesse estar. Sei lá, eu não deveria me importar com coisas pequenas. Mas detalhes fazem a diferença. Será que as pessoas possuem a mesma preocupação em acertar como eu eu tenho? eu me pergunto e não faço ideia.


"Sei lá...
Tem dias que a gente olha pra si
E se pergunta se é mesmo isso aí
Que a gente achou que ia ser
Quando a gente crescer
E nossa história de repente ficou
Alguma coisa que alguém inventou
A gente não se reconhece ali
No oposto de um déjà vu
Sei lá...
Tem tanta coisa que a gente não diz
E se pergunta se anda feliz
Com o rumo que a vida tomou
No trabalho e no amor
Se a gente é dono do próprio nariz
Ou o espelho é que se transformou
A gente não se reconhece ali
No oposto de um vis a vis"

(Já é - Lulu Santos)

quinta-feira, 22 de março de 2012

Diário do palhaço - Vol. 3


Demorei pra escrever. O tempo me consome, nem sempre da maneira que eu gostaria, mas consome. Enfim, a última oficina foi menos perturbadora. Uma intensidade com mais naturalidade. Menos coisas pra se pensar durante a semana, como se meu clown já quisesse aparecer entre as cortinas. Como se o jogo despertasse mais curiosidade que receio. Ainda é preciso ser mais aquilo que eu já avistei, toquei, mas ainda não peguei pelas mãos. Ainda é preciso muita coisa, porém um pouco já se consegue ser. Um pouco do que havia se perdido. É um longo caminho, um aprendizado constante. Recriar a mente e abrir o coração. Rir da tragédia e encontrar-se na falta de controle. Praticar o improviso e o olhar para o mundo (quando o mundo espera algo de você). Uma aceitação de si mesmo no estado presente. Ser imperfeita de propósito e assim criar novas possibilidades. Com minha falta de alongamento, minha altura de 1,74m e minhas gostosuras espalhadas pelo corpo, resolvi colocar meu nariz de palhaço e ser bailarina e mais tudo que eu quiser.


beijos desalinhados...
Your pocker face

Eu fui com sua cara. Te observo e você nem ai. Fica com essa cara de sono que, por algum motivo, prende minha atenção. Eu fui com sua cara, fui muito com todo o resto também. Essa sua roupa, esse cabelo meio bagunçado. Minha mãos poderiam ficar ali desvendando seu cabelo por horas. Teu All Star parece ser de outro mundo. Igual a todos os outros, mas o seu é diferente. É seu. Quase meu de tanto que olho. Olho quando você ta em outra direção. Olho tanto, até quando você vai embora. Todo dia é assim. Todo dia passa. A gente passa. E cada vez mais eu vou com tua cara, com teus braços, teu andar que sempre continua enquanto eu tento chegar no meu destino. E você fica preso dentro da minha cabeça, em câmera lenta. Não faço ideia no que acontece no resto do dia. Afinal, de onde você veio? Como chegou até aqui? Você esbarra comigo tão inocente que eu até dou risada de você baixinho. Nem sei se você repara, se acha que eu sou uma pessoa engraçada ou uma completa idiota. Nem sei se sua voz é tão envolvente como eu imagino, mas eu gosto. Monto e desmonto você a hora que eu quero. Meu lego preferido não existe. Adoro inventar você - sem você saber que eu definitivamente vou com sua cara!

Ps: Texto inspirado nos relacionamentos imaginários de um amigo que uma vez disse: "Eu já namorei várias vezes. Vários relacionamentos imaginários com gente que eu encontro todo dia, no ônibus, na faculdade... A gente começa a namorar, depois termina, tudo é tão lindo e eu nem sofro". Eu ri - muito - e achei encantador rs. 

domingo, 18 de março de 2012

A mania do coitado.

Eu me emociono com histórias de superação, choro vendo filme, Chegadas e Partidas, e até The X Factor. Dá pra acreditar? É tanta sensibilidade diante do mundo, que ás vezes chego a ponderar me camuflando. Contudo, não consigo achar que fulano ou ciclano seja coitado. Acho o sentimento de "pena" um dos piores do mundo. Faz tudo parecer sem valor. É como desvalorizar alguém que ta precisando de um "up". Não é nem piedade. É só coitado. Coitado do cara que trabalha no sol, do menino que não consegue ser jogador de futebol, daquele que ficou doente, da moça sem namorado, daquele que bateu o carro em plena manhã de segunda, da mulher com cinco filhos e dois empregos. Por mais que a história me comova, me desculpem, eu não consigo. Acredito em excessões, em um pouco de sorte, mas acredito também que tudo que mandamos para o espaço, um dia volta. Que nesse grande ciclo, todos tenhamos finais mais felizes que tristes. Temos escolhas. Umas muito mais difíceis que as outras. Entretanto, escolhas que trazem consigo consequências. Quando não podemos fazer mais nada, é porque já fizemos. Ta ai seu presente, você queira ou não. Não gostou? Chore, esperneie e depois pare de se lamentar, por favor. Move on. Siga em frente. Você não é coitado, então não desista. Se as coisas estão saindo fora do eixo e você ta começando a ficar chateado(a), pare com isso. Comece a ficar puto(a), as pessoas irão te respeitar mais por isso, caso contrário você deixará de ser você pra ser o tal do coitado. Ser coitado é chato, é muito trágico, é só sofrimento e você não consegue nem rir de si mesmo. E, espera ai... nem coitado você é. Não me levem a mal. Eu não acho que os outros são coitados, porque também não gosto de ser vista assim. As pessoas possuem mania de consolar os outros, mesmo quando está tudo bem. Há maneiras mais otimistas de enxergar as coisas e "ser coitado" definitivamente não é uma delas.

terça-feira, 13 de março de 2012

Ser normal
... e Diário do palhaço - Vol 2.


- Por que fazer isso?
- Por que não fazer?


Começo a entender quando dizem que a vaidade é um pecado capital. A vaidade é ser cobiçado, admirado e estar de acordo? É isso? Aparentemente inofensiva, mas quando nos damos conta, somos reféns. Exagero meu? Então me explica: me explica o motivo de você querer parecer tão normal. Você não. Nós. Nós que paramos de usar aquela calça velha que nós amamos porque saiu de moda. 


No último sábado fui assistir Família Adams, uma comédia musical da Broadway, agora no Brasil com ótimo elenco. Recomendo. Fiquei encantada com a maneira que eles tratam a "normalidade" na peça. Tio Chico canta "O que é normal não se sabe bem... Os filhos são loucos e os pais também...". Em determinado momento, a filha, Wandinha, pede a família para que finjam ser uma família normal. "A normalidade é uma ilusão querida, o que é normal para a aranha é uma calamidade pra mosca!" - responde Mortiça. Alguém discorda da mulher sombria, de cabelos longos, decote e movimentos delicados? Eu não. Eu ri quase como forma de aplauso. A Mortiça tem muito de algo que todos nós deveríamos ter. Ela sabe muito bem quem é para perder seu tempo explicando isso para outras pessoas. Com uma vaidade que não estraga, não se importa e a faz normal de um modo mais real.


Hoje resolvi testar a normalidade das coisas, desafiar a mim mesma. Claro que a Oficina de Clown tem papel fundamental nisso. Hoje testei o nariz de palhaço pela primeira vez. Como a maioria das coisas novas, o nariz também trouxe certo desconforto de início, incômodo, um não saber o que fazer. Depois pude perceber um pouco do que aquilo significa. Quase como um cartão verde, um passe livre: não pense, seja o que quiser. Mais uma aula terminou. Deixei o nariz vermelho pendurado no pescoço, ainda não queria tirá-lo de mim. "Tenho que me desprogramar pra não pensar" - pensei enquanto caminhava até o metrô. Coloquei o nariz de volta ao rosto na estação e assim fui até meu destino. Por volta de 40 minutos, sorrindo e calada - exceto quando três pessoas vieram me perguntar se tinha algum motivo por eu estar fazendo aquilo. Não sabia nem o que responder direito. Sem muitos pensamentos, sem riso de desespero. Apenas ali. Em nenhum outro lugar, apenas ali com o poder de um nariz vermelho. Com vontade de interagir, mas ainda não preparada. Contudo, me sentindo a pessoa mais normal do mundo.

*

sábado, 10 de março de 2012

O sussurro.

Certamente, alguma vez na vida, nós já se perguntamos: "Por que? Por que isso está acontecendo comigo? Por que agora?" E, como resposta, ouvimos um enorme silêncio ecoando em nosso quarto. Somos pegos de surpresa e, de um dia para o outro, somos obrigados ir por outro caminho. Coisas indeterminadas sempre me deixaram aflita. É muito melhor quando temos a ilusão de que estamos no controle das coisas. Mas não temos, acho que nunca tivemos. A nossa percepção diante da vida, na maioria das vezes, é uma grande ilusão. 
Quem já leu esse blog algumas vezes deve saber o quão grande é minha admiração por um artista chamado John Mayer. Bom, é por causa dele que escrevo esse post. Era fim de tarde quando li o comunicado que ele postou em seu Tumblr. Depois de tanta dedicação e ansiedade em torno do álbum novo "Born and Raised", ensaios para a nova turnê, boatos de show na América Latina e uma guitarra nova com o nome de Rosie... uma notícia realmente ruim. 
Mesmo depois da cirurgia e da última pausa nas cordas vocais, o granuloma voltou. "Ele se forma e continua crescer porque fica em um local onde as cordas vocais se chocam, e não existe um jeito de curar isso sem que se faça uma longa pausa e um intenso tratamento (...) Estou emocionalmente esgotado agora, mas por favor, saibam o quanto eu tentei resolver isso e como estou decepcionado por não poder apresentar esse disco ainda" - diz John. Confesso que isso me deixou triste, não pelo fato das minhas chances de ver um show do Sr. Mayer em breve tenham diminuído. Não sou tão egoísta a esse ponto. Fiquei triste por ele, porque esperar é ruim e se sentir frustrado, pior ainda. Talvez seja bom, mas acho que não somos tão evoluídos para entender isso quando precisamos. Somos humanos.
Se minha opinião sobre ele se resumisse em um cara charmoso que faz umas músicas, eu não estaria escrevendo isso. Porém, eu acho que ele é um dos artistas mais competentes dentro do cenário musical atualmente. De um modo que eu ainda não sei explicar, a voz que parece sussurrar no meu ouvido, todas as melodias e os solos de guitarra me acalmam e se encaixam nos fragmentos da minha vida. Tenho uma playlist no youtube com 57 vídeos do John que eu escuto com certa frequência. Se por um acaso, sua recuperação levar um longo tempo, eu continuarei escutando o que já foi eternizado, mas eu realmente quero que ele fique bem, que ele possa fazer o que gosta e continue movendo sua vida com sua maior paixão.
Provavelmente John nunca irá ler o que eu escrevi aqui no dia de hoje, mas não me importo, se a energia que depositei em cada palavra chegar a ele, talvez por raio de neon que circula pelo mundo, eu estarei feliz. De qualquer forma: "Querido John, tenha uma boa recuperação e me desculpe por falar mal do seu cabelo quando ele não fazia diferença alguma comparado às suas cordas vocais".

"Sim, estou impedido de voar
Minhas asas foram cortadas
Estou cercado por todo esse pavimento
Acho que vou correr em círculos
Enquanto estou esperando meu fusível secar

Um dia eu vou voar
Um dia eu vou subir
Um dia eu vou ser muito mais
Porque eu sou maior do que o meu corpo me permite ser
Porque eu sou maior do que o meu corpo agora

Talvez eu me embole nos fios de alta-tensão
E tudo pode acabar em questão de segundos
Mas eu iria para as chamas com prazer
Se a chama é o que é preciso para lembrar o meu nome
Para lembrar o meu nome"

(Bigger Than My Body - John Mayer)



*

quarta-feira, 7 de março de 2012

Diário do palhaço - Vol. 1

Segunda-feira. Sai do trabalho as pressas, tomei o ônibus e vinte minutos depois estava num pedaço do céu. Mandalas, plantas, panos por todos os lado e um silêncio que vem de dentro do mundo. Uma exposição de fotografia logo na entrada. Gente boa pelo caminho. A novidade sempre é um pouco constrangedora. O outro torna-se um mistério que vai se desvendando aos poucos - ou não. Confesso. A serenidade do meu rosto esconde que por dentro eu estou quase apavorada. O desafio é maior do que eu imaginava. Ainda mais pra mim que sou mais íntima com palavras do que com gestos. Por isso, escrevo. Escrever me dá tempo. Tempo para organizar ideias, para pensar e não ser bobagem. Ninguém quer se passar por bobo, idiota ou coisa parecida - nem eu. Ninguém quer ser ridículo de propósito, por isso o tamanho da barreira a ser quebrada. Esse vidro que me protege de mim mesma. É difícil mostrar o que tentamos esconder a vida toda. Difícil exercer esse desapego diante de bons modos já que a sociedade nos cobra o oposto o tempo inteiro. Gritar, ser estranho, dizer algo que ninguém entende, ser extremo... Qualquer coisa, qualquer coisa MESMO sem se importar. É tudo improviso. E improviso é aquilo que você tem que fazer quando tudo sai do controle. Tem que ser rápido. Tem que acontecer. Não há tempo de pensar. É saber enxergar o que está diante do nariz. Me falta jogo de cintura nessas horas. Dá um branco. Eu sempre quero enxergar além e filosofar sobre alguma coisa, mas as coisas mudaram. Sumo do mundo e não sei o que fazer. Não faço nada, quase nada. O espontâneo funciona bem, mas ser de propósito é outra história - que deveria ser a mesma coisa. Cunfuso? É, eu também fiquei. Está tudo aqui dentro, pronto pra ser manuseado, descoberto, colorido, pronto pra não ser levado a sério.

"Acho que tanto drama e comédia têm tempo, mas essa risada da plateia é determinante para um comediante. Eu acredito no humor como forma de ver as coisas"
Denise Fraga - Atriz e comediante 

beijos


segunda-feira, 5 de março de 2012

Decidi: Quero rir mais da vida.




Ás vezes a gente acorda e simplesmente começa a fazer algo por nós mesmos. Tinha que ser assim todo dia, mas a gente esquece. Hoje lembrei. Há quinze dias acordei assim também, naqueles dias. Não era TPM, nem menstruação (sim homens, isso são coisas diferentes!). Acordei querendo mudanças. Poderia me empacotar inteira e deixar um caminhão me levar pra um lugar novo. Na verdade, era mais simples que isso, porém eu não sabia por onde começar. Cismei que precisava de um curso, alimentar a mente e o currículo. Desenho, infografia, pós-graduação. Vagas só para o meio do ano, o que no meu relógio é muito tempo. Até que me vi naqueles momentos de "viva a tecnologia!". Na página do meu facebook, em uma tarde qualquer, surge a divulgação de uma Oficina de Clown (clown é mais chique, mas é a mesma coisa que palhaço), postado por uma figura chamada Thiago Martins do qual conheci através do Clube do Designer. Estudar um "ser palhaço" não tinha passado pela minha cabeça, embora eu me sinta assim algumas vezes. Mas foi ai que notei que a tal mudança precisava ser interna. Que tinha mais a ver com quem eu sou do que o que eu faço. Pensei duas vezes - não mais que isso - e me matriculei. Decidi: Quero rir mais da vida. Precisamos. A primeira aula é amanhã (ou hoje, pois já se passaram da meia noite) e eu não faço a mínima ideia de como vai ser, mas já estou gostando da sensação de fazer algo por mim. Estou ansiosa pra variar e já contei a novidade para um monte de gente. O que me dá certo medinho também, porque além da novidade, sou daquelas que acreditam um pouquinho que tudo que é comentado demais não dá muito certo. Mas já foi. Tem coisas que não cabem dentro da gente. E a cara que as pessoas fazem, ao saber que pensando em pós-graduação acabei numa oficina de palhaço, já é de dar risada.




Felicidade?
Disse o mais tolo: "Felicidade não existe."
O intelectual: "Não no sentido lato."
O empresário: "Desde que haja lucro."
O operário: "Sem emprego, nem pensar!"
O cientista: "Ainda será descoberta."
O místico: "Está escrito nas estrelas."
O político: "Poder"
A igreja: "Sem tristeza? Impossível.... (Amém)"

O poeta riu de todos,
E por alguns minutos...
Foi feliz!

(O Teatro Mágico)


beijos mágicos e risonhos...