terça-feira, 31 de julho de 2012

A verdade sobre o mundo moderninho

  Século XXI. Pessoas se comunicam na velocidade da luz e, ao mesmo tempo, possuem relações cada vez mais frágeis (irônico, não?). Se você não tiver conta no facebook, um smartphone, se casar entre 25 e 35 anos, ter um carro e depois ter filhos o mundo te olha estranho (impressão minha?). Se você fosse um refrigerante, você seria visto como Dolly Uva no lugar de Coca-Cola (não me pergunte da onde eu tirei essa comparação!). Afinal de contas, você não é a Angelina Jolie que faz pacto de sangue, tem várias tatuagens, “rouba” o marido da outra, adota um filho de cada parte do mundo, compra vestido de Oscar num brechó... e continua sendo a super Agelina. Você não é Ashton Kutcher que prega peças em outros artistas, casa com uma mulher 15 anos mais velha, dizem por ai que traiu, se separa e pega geral, surfa na enchente do Brasil... e continua sendo Ashton, o queridinho de todas as Américas.

  Não somos Angelina ou Ashton e infelizmente todos sabem disso. Convenhamos que somos meros mortais rodeados de gente que finge ser moderninha (e nós, fingimos também?). Não basta comprar a TV que reconhece voz, você tem continuar assistindo a novela das nove, assim como sua avó, sua mãe e grande parte das pessoas que você conhece. Não basta saber cozinhar, no domingo você tem que fazer macarrão. Não basta se tornar independente, você tem que casar e depois ter filhos. A modernidade não basta percebe? (Não estou criticando se isso é bom ou ruim okay!)

  Confesso que tenho notado isso a pouco tempo, mas isso não significa que se trata de uma atitude nova das pessoas. No nono episódio da última temporada do seriado Sex and The City, a personagem Carrie vai à uma festa de aniversário dos filhos de uma amiga, que fez todos os seus convidados tirarem os sapatos, ao final da festa, descobre que seus sapatos foram roubados. Ao final do episódio, Carrie conclui que nós gastamos tanto dinheiro em presentes para as pessoas que se casam e têm filhos porque é socialmente aceitável, mas ninguém comemora se somos bem sucedidos, sem filhos, felizes e solteiros.

Você pode conferir um trecho do episódio no vídeo abaixo. 
A imagem está meio ruim e o vídeo é sem legendas, mas bem, foi o que eu achei...



  Vi esse episódio no ano passado e concordei com a Carrie, ou melhor, com o roterista da série, imediatamente, bem antes das mudanças pelas quais estou passando. Quando as pessoas casam, geralmente escolhem padrinhos que abençoam a união e dão algum presente legal. E quando você resolve casar com você mesma? Quem vai te abençoar e te dar, ao menos, um pano de prato, ou quem sabe, uma cor nova de batom? (Alguém?)


  Sinto em dizer, essa é a verdade sobre esse mundo, que sabe fingir muito bem ser moderninho.

*

sábado, 28 de julho de 2012


Nem tão estranha assim...

"I've been drinking life
While you've been nauseous"
Audioslave - Cochise
  
  Posso falar? Essa semana foi estranha. Estranhamentos bons e ruins, todos ao mesmo tempo. Como eu me senti? Ali, de pé, deixando os estranhamentos passarem por mim, ou talvez, fazendo parte deles. E alguns deles, nem chegaram a ser tão estranhos assim. 

  Ás vezes quase não reconheço meu passado. Olho para algumas fotos e nem lembro que idade eu tinha ali. Não foram somente o corte e cor do cabelo que mudaram. Eu tinha um outro olhar, uma outra postura, uma outro sei lá o que. Talvez eu fosse um pouco de todo mundo e quase nada de mim mesma. Não me lembro de quem eu era (ou quero não lembrar por gostar muito mais do agora?). 

  Não foi nada de repente. Eu não sei, exatamente, em que momento eu olhei pra dentro e percebi que tinha feito as pazes comigo, ou pelo menos com a maior parte de mim. Só sei que é uma das sensações mais gostosas do mundo... Olhar pra dentro e sorrir com os rins. Dizer: "Sorte que eu estou numa fase muito boa comigo" e saber que isso é realmente é verdade (apesar de saber também que isso não tem nada a ver com sorte). Porque eu sei, sei que se não estivesse, já tinha surtado um pouquinho. Mas eu to aqui, achando até o que até as estranhezas da vida são boas.


*

quarta-feira, 25 de julho de 2012


DIA DO ESCRITOR

 Crescer custa, demora, esfola, mas compensa. 
É uma vitória secreta, sem testemunhas. 
O adversário somos nós mesmos.
- Martha Medeiros


Hoje é dia do escritor. Ta aí uma coisa da qual sou devota. Pessoas humanas, que sentem a vida até o último fio de cabelo e escrevem como se estivessem pintando um quadro. Eu acredito no Fernando Pessoa, no Mário Quintana, na Martha Medeiros, naquele negócio de quem “Um dia a gente aprende...” do William Shakspeare, nas frases da Lispector, nesse povo que compões uma letra de música mais bonita que a outra... Mesmo achando que, ás vezes, eles mentem um pouquinho. Leio alguns textos, escuto algumas músicas como se fossem salmos. É assim que eu rezo. Tantos santos imperfeitos se fundindo com a realidade. Tanta gente confessando sobre os demônios que levam dentro de si. Tanta gente que despe a alma e cobre as partes mais secretas com um ponto de exclamação. São eles. Quem escreve também mente, também sonha, também brinca de contar histórias, quase nunca possui respostas, se distraem com perguntas... Me distraem... Num ato generoso de doar suas vidas às palavras ou as palavras às suas vidas. Parabéns a eles e também a nós, que escrevemos uma parte da nossa história todos os dias.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

O domingo, a lista, a caixa e o presente
  
  Domingo geralmente é tédio. hoje não foi. Acordei animada pelo sábado. Coloquei um okay em alguns itens de uma lista imaginária. Tirei todos os papéis das gavetas. A maioria foi pro lixo deixando até a alma mais leve. Quanta coisa inútil vamos acumulando com o tempo... Enfim, um belo dia temos que começar a nos organizar. Peguei uma caixa, a primeira, e coloquei ali as coisas não tão usáveis, porém essencialmente minhas que levarei comigo. Poucos livros, algumas inspirações, algumas recordações, alguns dvds (Claro que o John Mayer vai comigo!). Quantas caixas daqui em diante? Não sei. Menos possível. Também é tempo de praticar o desapego por aqui. O mais difícil são os vestígios. Coisas que não sabemos se nos desfazemos, ou levamos com a gente, ou simplesmente deixamos onde está só para não ter o trabalho de movê-las de lugar. E quantas vezes fazemos isso com a nossa vida? Quantas vezes nos convencemos de que aquela sensação de bem estar temporária é suficiente só pra não ter que enfrentar o desconhecido, só por não saber o que fazer com os vestígios? Continuando...


  Outro item da lista foi meu netbook. Toda vez que passava no shopping, pensava "tenho que encapar ele, deixá-lo mais bonitinho". Não tem jeito, eu adoro uma coisinha personalizada. Mas como a gente passa mais tempo pensando do que agindo nessa vida (vai dizer que não?), fui deixando. Hoje, finalmente, fui e agora, convenhamos, que ele está muito mais amigável.
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  Falando em amigo, teve o Danilo no meu domingo. Um amigo e tanto! Mesmo! A gente se conheceu num curso, mas só nos falamos mesmo nos últimos dias. E a gente simplesmente continuou se falando. A gente conversa por horas, sobre nossas piores e melhores partes, sobre o mundo lá fora também. Trocamos conselhos e ficamos felizes um pelo outro. Eu realmente estou feliz por ele e ele diz estar super feliz por mim. A gente é assim. A gente meio que se empurra pra vida, sabe?! Como se estivesse sempre dizendo "Vai, não fica com medo não, qualquer coisa, eu to aqui". A gente diz, em outras palavras. Hoje ele me deu um presente. Na verdade, três. Primeiro, uma caixa com várias barrinhas de chocolate que trouxe de Gramado (uma delícia!). Depois, no shopping, enquanto esperávamos dar o horário do filme, cismei que queria algo novo que servisse pra fase nova. Fomos na Imaginarium e ele disse "leva, pago metade!", levei. Tem coisa mais gostosa que ganhar presente fora de data comemorativa? Tem sim. Porque ainda falta citar um presente, que é a amizade dele. É tão recíproco que nem precisa dizer. Quando ele olha pra mim e eu olho pra ele, a gente quer dizer: "To torcendo por você!". Esse é o melhor presente. 
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quinta-feira, 19 de julho de 2012

O bonitinho.

Semana passada (ou essa semana? nem lembro!) estava trocando de canal na TV e parei no “Todo Seu”, era aniversário do Ronnie Von e quem estava apresentando o programa era a Fernada Young, com ele. Opa, parei para assistir. A princípio, por causa da Fernanda, que depois que vi a entrevista  dela no “De Frente com Gabi” passei a prestar mais atenção pelo tanto que me identifiquei. Poderia passar o dia inteiro falando sobre meu lado “Young”, mas hoje não vem ao caso. Enfim, bonito mesmo é o Ronnie Von falando do mundo feminino. Bonito mesmo! Colocaria esse tiozinho que ainda chamam de príncipe (com toda razão, por tanta elegância e cordialidade) num pacote, com laço e tudo e levaria pra casa - com todo respeito. Ta aí um homem que fala que adora mulher e eu realmente acredito. Os outros, a maioria, não todos, falam que adoram as mulheres e cinco minutos depois começam a competir conosco. Nos chamam de loucas e complicadas. Arhhh! Ta vendo, eles nem gostam tanto assim. Por isso, serei bem breve... Meninos, aprendam com o tio Ronnie!

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Era uma vez...
  
Era uma vez uma boneca que sempre quis ter vida. Quase igual ao Pinóquio, a diferença é que ela nunca gostou muito de mentiras. Essa boneca sempre foi responsável, dedicada. Se ficou de recuperação três vezes na escola, foi muito. Sempre deu valor a tudo que teve. Nunca voltou bêbada pra casa, nunca arrumou briga. Aos 13 anos já sabia cozinhar, passar seu uniforme escolar. Sempre tentou escolher pessoas boas para estar ao seu lado. Nunca foi de seguir modinha, nem de ser influenciada por amigos. E por causa disso, muitas vezes se sentiu isolada, achando que ser ela mesma não era suficiente. Mas hoje, ela sente orgulho de ser ela mesma, sente orgulho de tudo que já conquistou e da sua coragem. Sempre foi uma boneca insegura, sem saber muito bem o que poderia fazer. Sua insegurança sempre foi muito cômoda para quem sempre teve o poder de controlá-la. Com o tempo, ela foi deixando de ser boneca e foi se transformando em um ser humano. Começou a reaprender a andar, falar, sentir. Hoje confia mais em si mesma, em alguns aspectos, causando certo espanto. Apesar de tudo, sempre foi otimista. Sempre achou que poderia ser melhor, mas não melhor que ninguém. Sempre teve dificuldade de expor seus sentimentos, mas aprendeu a chorar e a sorrir mais também. Sempre viu as coisas pelo lado positivo e sempre acreditou e desejou o melhor para a maioria das pessoas. Sempre achou que os outros fariam a mesma coisa. Talvez isso seja a parte mais difícil. Quando toma alguma decisão, as pessoas não prestam muita atenção, pensam que é bobagem, fase, rebeldia, um momento, que irá durar um mês, dois ou no máximo, três. Então eles fazem um discurso bonito e a apoiam. Falam "é isso ai!". Então, depois de pouco tempo, eles olham para ela e percebem que ela estava falando sério. "Olhem para o rostinho dela, tão ingênua, tão nova ainda, tão inexperiente... Isso é demais para ela!". Talvez ela ainda seja um pouco disso tudo, mas ela não quer ser assim para sempre. E isso ela não aprenderá em livros, conselhos ou escrevendo em seu blog. Mesmo assim, ela entende. Entende que quem ama cuida e se preocupa. Quer o bem. Mas, ás vezes, se sente sufocada também. Porque tudo que ela queria era um crédito, um voto de confiança, um desejo de boa sorte e de felicidade ao invés de alguém dizendo que a vida vai lhe mostrar alguma coisa, que ela está "se achando" demais e que não dá mais valor a tudo que teve. Ah, se eles soubessem... Talvez, um dia eles saibam que ela estava ali, esperando um ombro amigo para poder falar sobre seus medos ao invés de ser criticada e alimentada por eles. Esperando alguém dizer: "você é capaz de tanta coisa... estamos orgulhosos de você". Alguém não. Aquelas pessoas que são tão importantes para ela. Talvez, um dia eles saibam que mesmo chateada, o amor e a gratidão dela por eles sempre serão enormes.


Era uma vez uma boneca, que se tornou um ser humano 
e que só está começando a escrever sua história...
De cabeça erguida e com uma certa paz no peito.
Eu nem sei se ela deveria começar assim, expondo tanto a alma,
mas ela já está cansada de se esconder, de inventar histórias.
Tô morrendo de medo...

  ...Mas eu fiquei morrendo de medo quando mudei de escola, mesmo a decisão sendo minha. Tinha medo de me perder no metrô. Tive medo quando fiz 18 e tinha que ser alguma coisa. Antes de todas as apresentações de dança, meu estômago borbulhava. Dos seminários da faculdade, eu tinha vontade de sair correndo. Dar a primeira volta no quarteirão dirigindo, totalmente sozinha, foi como se eu tivesse que dar uma porrada em todo meu caos. Tenho medo de gente idiota em primeiros encontros. Quando praticamente pedi demissão, fiquei com medo de me arrepender, depois fiquei com um medo de não corresponder no emprego novo, não me adaptar, de não saber, não aprender. Tive que tomar fôlego antes de saltar da tirolesa de mil metros; antes de pular de paraquedas; quando estava à beira do abismo lá no alto do Pico das Agulhas Negras. Quando olho minha vizinha, tenho medo de chegar na velhice sozinha. Quando fico de TPM, tenho medo de ficar chata pra sempre. Quando perdi o voo, eu chorei e era medo. Quando me apaixonei, eu sorri e também era medo. Qualquer coisa que me deixe de cabeça para baixo, literalmente, deixa minhas pernas bambas. 

  E mesmo assim, fui para escola; ando de metrô; escolhi design; recebi aplausos; fiz seminários; dirijo; vou a encontros; não me arrependi de ter saído do emprego e cresci muito no emprego novo; fui na tirolesa, no paraquedas e cheguei ao topo do pico... Enfim, eu bato de frente com o medo. Às vezes, ele me deixa no chão, mas na maioria das vezes, eu dou um soco na cara dele. Palmas para mim, pode colocar uma estrelinha no meu caderno de desabafos, porque eu mereço.

  Eu não gosto de ter medo (alguém aí gosta?), mas teria mais medo se não o tivesse (seria possível?). Não é dúvida, não é insegurança. Isso é outra coisa. A verdade é que agora estou com um medinho instalado no lado esquerdo do peito, me fazendo pensar na minha falta de jeito com algumas coisas (minhas). Medo de não dar conta de mim e da minha "liberdade", mesmo sabendo que eu sou extremamente capaz. Se eu estou morrendo de medo? Não. O título desse post foi só para que eu pudesse te fazer uma surpresa agora e dizer que estou vivendo de medo. Porque é um medo que não mata, faz viver. Me desafia. Me alimenta, me distrai, me faz escrever, me faz querer. E o medo só está aqui, porque eu consigo olhar bem no fundo dos olhos dele. E o querer é maior que o medo. No final das contas, o medo passa, o medo não é nada comparado ao que realmente somos.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Estou há alguns minutos aqui. 
Parada. 
Olhando pra tela, tentando não pensar em nenhuma possibilidade que me faça menos feliz. 
Mas felicidade existe? 
Ouvi dizer que não, que isso é coisa da nossa cabeça.
O que existe são momentos felizes. Nisso eu até acredito.

Mas o tal do "e se..." também é coisa da minha cabeça.
E agora? 

Em que momento vivo agora?
Bem agorinha, nesse exato momento? 
Não sei.

domingo, 15 de julho de 2012

No volante.

Estava dirigindo, indo almoçar com pessoas que ganhei de presente na época da faculdade. Passando em frente de um parque, o guardador de carros que fica por ali ganhando seus trocados, fez sinal para que eu parasse o carro para que outro motorista pudesse manobrar. Não parei. E foi assim o caminho inteiro. Ida e volta. Não dei passagem pra ninguém. Pode ser uma birra de domingo, mas eu simplesmente não estava a fim de deixar as pessoas entrarem na minha frente, assim, sem mais nem menos. Eu fui dirigindo e pensando que a vida é mais ou menos um trajeto que a gente tem que fazer. E quer saber? Cansei de ver as pessoas achando que basta dar um sinalzinho com as mãos, podem passar na minha frente, pegar o lugar que eu queria e ainda por cima, chegar primeiro. Eu sempre pensei: "Relaxa Tatiana, sua hora vai chegar! O que tiver que ser seu, vai ser!". Mas convenhamos que esse papinho todo é consolo, é desculpa que damos para nós mesmos quando as coisas não dão certo. Relaxada eu estou, disso você pode ter certeza, mas a minha hora... ah... a minha hora é agora. E eu não vou aceitar nada que me faça sentir que meu relógio está atrasado, que eu estou em segundo plano. Nada que me sugue a energia e depois me cuspa. Nada que me deixe culpada e depois passe a mão pela minha cabeça. Eu continuo sendo boa. Boazinha eu parei faz tempo. Eu continuo sendo gentil com o mundo lá fora. Dizem que é dando que se recebe. Mas eu cansei de sempre começar nessa brincadeira. Sempre ser aquela que cede, que entende e finge não se importar. Pois então, você quer? Me dá primeiro. Não é porque sou doce e educada na maioria das vezes, que você tem o direito de achar que tenho que ser assim o tempo inteiro. Eu não quero sua cara a tapa, porque não sou de violência. Nem do tal UFC eu gosto. Não me rendo a qualquer modinha e você sabe. Me dá a mão, um abraço, uma piada, uma companhia num dia lindo, um ato de confiança e nem precisa esperar por muito tempo a recompensa. Sempre fui a favor da reciprocidade e não é agora que será diferente, embora tanta coisa esteja mudando. Eu não quero nada complexo. Nunca quis. Perco a paciência com quem não consegue enxergar a simplicidade das coisas e com quem fica imaginando a minha vida por mim. Me deixa aprender a lidar com os fatos, porque eu estou melhorando nisso. E o fato agora é que eu não vou parar pra você passar, eu não vou me deixar pra depois. 


O amor também é isso, um trajeto, um dirigir num domingo à tarde. A gente não dá passagem pro amor porque o amor está no banco do passageiro. A gente só para o carro pro amor entrar ou ir embora. Caso contrário, se a gente parar, a gente se perde, metade do amor enfraquece. O tal do amor próprio - aquele que nos faz pulsar de verdade. E com metade do amor enfraquecido, fica difícil amar as pessoas que amamos. Tentamos dividir a outra metade nos tornando injustos com a gente mesmo o com os outros. Um amor pela metade é como andar com um fantasma no banco do passageiro. Um amor pela metade é bem pior que andar sozinho no carro, com o som alto e o coração inteiro, passando por faróis verdes, pensando que você não ta a fim de dar passagem pra ninguém que não lhe dê nada em troca. 
*
Nos dirigir é tão importante quanto o próprio destino. 
Sem caminho não existe a hora certa. A hora certa é o caminho.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Ando supresa comigo mesma. E isso é bom. Tenho redescoberto algumas partes minhas e sendo mais legal comigo. Minha ansiedade ainda me prega peças, mas até pra ela eu tenho sorrido um pouco mais. Pois a vida não é só classificada em problemas e soluções. Na verdade, a vida fica muito chata quando começamos a enxergá-la somente dessa maneira. A vida é e ponto. Tenho escutado minha intuição e deixado minhas pernas caminharem. Libertas in vobis (latim), como diz a frase tatuada nas minhas costas, entre meus ombros, a liberdade está dentro de você. Sim, a liberdade sempre esteve dentro de mim. Mas eu nunca soube muito bem o que fazer com ela. Como se ela fosse uma canção que eu tivesse escutado algumas vezes. Hoje tenho uma ideia melhor do que isso significa e das coisas que são realmente importantes. Aquele velho clichê de que mudanças acontecem de dentro pra fora é simplesmente verdade. Sempre foi. As pessoas nem são tão moderninhas quanto dizem ser. As coisas nem são tão novas quanto parecem. Elas sempre foram o que são e só nos resta descobrí-las. 

terça-feira, 10 de julho de 2012

O que acontece no meio
de Martha Medeiros

“Vida é o que existe entre o nascimento e a morte. O que acontece no meio é o que importa.

No meio, a gente descobre que sexo sem amor também vale a pena, mas é ginástica, não tem transcendência nenhuma. Que tudo o que faz você voltar pra casa de mãos abanando (sem uma emoção, um conhecimento, uma surpresa, uma paz, uma ideia) foi perda de tempo.

Que a primeira metade da vida é muito boa, mas da metade pro fim pode ser ainda melhor, se a gente aprendeu alguma coisa com os tropeços lá do início. Que o pensamento é uma aventura sem igual. Que é preciso abrir a nossa caixa preta de vez em quando, apesar do medo do que vamos encontrar lá dentro. Que maduro é aquele que mata no peito as vertigens e os espantos.

No meio, a gente descobre que sofremos mais com as coisas que imaginamos que estejam acontecendo do que com as que acontecem de fato. Que amar é lapidação, e não destruição. Que certos riscos compensam – o difícil é saber previamente quais. Que subir na vida é algo para se fazer sem pressa.

Que é preciso dar uma colher de chá para o acaso. Que tudo que é muito rápido pode ser bem frustrante. Que Veneza, Mykonos, Bali e Patagônia são lugares excitantes, mas que incrível mesmo é se sentir feliz dentro da própria casa. Que a vontade é quase sempre mais forte que a razão. Quase? Ora, é sempre mais forte.

No meio, a gente descobre que reconhecer um problema é o primeiro passo para resolvê-lo. Que é muito narcisista ficar se consumindo consigo próprio. Que todas as escolhas geram dúvida, todas. Que depois de lutar pelo direito de ser diferente, chega a bendita hora de se permitir a indiferença.

Que adultos se divertem mais do que os adolescentes. Que uma perda, qualquer perda, é um aperitivo da morte – mas não é a morte, que essa só acontece no fim, e ainda estamos falando do meio.

No meio, a gente descobre que precisa guardar a senha não apenas do banco e da caixa postal, mas a senha que nos revela a nós mesmos. Que passar pela vida à toa é um desperdício imperdoável. Que as mesmas coisas que nos exibem também nos escondem (escrever, por exemplo).

Que tocar na dor do outro exige delicadeza. Que ser feliz pode ser uma decisão, não apenas uma contingência. Que não é preciso se estressar tanto em busca do orgasmo, há outras coisas que também levam ao clímax: um poema, um gol, um show, um beijo.

No meio, a gente descobre que fazer a coisa certa é sempre um ato revolucionário. Que é mais produtivo agir do que reagir. Que a vida não oferece opção: ou você segue, ou você segue. Que a pior maneira de avaliar a si mesmo é se comparando com os demais. Que a verdadeira paz é aquela que nasce da verdade. E que harmonizar o que pensamos, sentimos e fazemos é um desafio que leva uma vida toda, esse meio todo.”

Texto de Martha Medeiros escrito em 11 de Dezembro de 2011 
para a Revista O Globo,  coluna Ela Disse. oglobo.globo.com

Depois de um feriado prolongado, o ânimo se mantém com a mesma sensação térmica de hoje cedo... friozinho. Vim pro trabalho como se estivesse no piloto automático. Sensação estranha. Escutei os shows completos do Nando Reis, Maria Gadú e Lulu Santos. Luz dos olhos, Quando fui chuva, Já é. Minhas preferidas. Cantarolei junto com Lulu: “Eu não sou diferente de ninguém quase todo mundo faz assim...” e a culpa foi embora. A culpa e a falta de jeito, só a preguicinha que não. Mas a gente vai driblando, levando, trabalhando... no final do dia, a gente foi. No meio da manhã, depois de me sentir um pouco acordada, eu fiquei em paz.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

A semana passada foi regada de coisas simples e importantes, em vários aspectos. Coisas que me deixaram mais viva, como se eu abrisse uma porta e pudesse enxergar um pouco mais além. Foi também uma semana em que andei de mãos dadas com minha loucura que se preocupa tanto com o mundo lá fora. No final das contas, cálculos e pensamentos, respirei. Na verdade, tomei fôlego para ignorar julgamentos internos e externos. E hoje ouvi uma história que traduziu tanta coisa. Era mais ou menos assim:

"Era um longo caminho a percorrer. Um cavalo. Um homem e uma mulher. Os dois estavam em cima do cavalo. As pessoas começaram a dizer:
- Coitado do cavalo, quanto peso em cima dele!
O homem, então, saiu do cavalo, deixando somente a mulher. As pessoas disseram:
- Coitado do homem. Ele tem que andar enquanto a mulher usa o cavalo.
A mulher saiu de cima do cavalo e deu lugar ao homem. As pessoas cochicharam:
- Que falta de cavalheirismo. O homem no cavalo enquanto a mulher caminha.
Os dois então caminharam ao lado do cavalo. As pessoas continuaram a bochinchar:
- Que desperdício. Os dois caminhando enquanto há um cavalo para ser usado."

Se eu pudesse controlar o que as pessoas pensam sobre mim, talvez eu até controlaria, não vou negar. Mas como não posso, espero ter sabedoria suficiente para seguir meu coração - sem culpa. Espero que as pessoas que realmente me importam e se importam comigo saibam que eu posso pensar em mim e amá-las ao mesmo tempo. Que as coisas desse mundo não precisam ser divididas, que podem serem somadas, e acima de tudo, respeitadas também. Bom, eu nunca fui muito boa com cálculos, fórmulas prontas... mas deve ser por esse caminho que me indica para ir em frente, por querer e sem correr. 

"Então entre na fila
E pegue o seu lugar
E mostre o seu rosto para a manhã
Pois qualquer dia desses
Você vai nascer e crescer
E isso acontece sem você prever"
(Born and Raised - John Mayer)


terça-feira, 3 de julho de 2012

A jornada.

  Hoje eu voltei para casa com uma sensação parecida com a do dia 5 de março. Sem saber muito bem o que está acontecendo. A diferença é que agora me sinto muito mais confortável e em um estado que jamais havia alcançado. É muito gratificante ver as coisas que me propus a fazer e é gratificante também ver que nem todas elas deram certo, caso contrário, não me sentiria tão humana como agora.

  Há coisas que eu não irei escrever aqui, nem em outro lugar. Talvez nem conte para ninguém, simplesmente porque ainda não inventaram palavras pra tudo. O melhor dessa vida é sentir, mesmo que algumas vezes, isso seja um processo doloroso. Se esse processo fizer com que você se sinta alguém melhor, livre do ego, da vaidade e de julgamentos, certamente valerá a pena.

  Eu sempre fui uma pessoa de muitas perguntas. Nem sempre tenho respostas, mas acho que isso já nem me importa tanto. O que importa mesmo o que fazemos para nos encontrar no meio disso tudo.

  Essa é uma das poucas vezes das quais me recordo em que não consigo organizar muito bem meus pensamentos por aqui. Ás vezes é bom se sentir fora de ordem e aceitar o presente. Pode ser que a liberdade, aquela com "L" maiúsculo, seja parecida com isso.

  Além de tudo isso, eu fico pensando com certa frequência que, desde sábado, eu tenho cruzado pessoas das quais nunca tinha visto (e provavelmente nunca mais verei) na vida e que me fizeram rir da maneira mais gratuita possível. Eu fiquei perto delas e quando vi, não só minha boca, mas meu corpo todo sorria.

  Hoje fui presenteada com várias coisas. Uma pedrinha, um imã lindo, amendoim, um texto cheio de lembranças e um episódio pra lá de engraçado, abraços contagiantes e uma mensagem dita pra quem quisesse acolher: Que somos totalmente responsáveis por tudo ao nosso redor. Sendo assim, me sinto orgulhosa. Sinto uma enorme gratidão por tudo.

  Eu poderia ter colocado o título dessa mensagem de "Diário do Palhaço..." como fiz algumas vezes ao decorrer da Oficina de Clown da qual participei e me levou a escrever alguns posts. Porém, o palhaço/clown é um exercício diário. E apesar de hoje ter sido a última aula da Oficina, esse tal exercício não tem fim. Só acaba quando o coração para e ainda sim, sei lá se acaba. 

  E o nosso diário, cheio de planos e horários chega a ser muito ridículo diante da grandiosidade do nosso ser - tão lindo por inteiro, incluindo todas as imperfeições possíveis. Até quem não se acha engraçado, é. Até quem não leva jeito, é. Sorte de quem descobre isso a tempo de aproveitar, e brincar, e ser... SER!

"A vida é maravilhosa, quando não se tem medo dela"
Charles Chaplin



Ai ai ai
Está chegando a hora 
de ir embora, meu bem
e ser palhaço lá fora...

domingo, 1 de julho de 2012

Sobre tudo. 

  Achei que iria acordar depois do meio dia, mas acho que estou perdendo o costume de dormir tanto. Acordei as 10h, fui pra sala. Tem um primo meu dormindo no sofá. Liguei a tv baixinho e comecei a ver um seriado que estava passando na tv: 2 Broke Girl$. Adoro o senso de humor da atriz Kat Dennings como Max Black, apesar das pouquíssimas vezes que assisti à série. Ela está sempre procurando por alguma solução, mas sempre se mantendo fiel a si mesma - parece até alguém que eu conheço. 

  A série acabou e eu não encontrei nada melhor pra assistir. Almocei. Vim pra internet. Nada de muito novo aos domingos, quase sempre é assim. Hoje, minha programação só tem hora marcada para depois das 16h. Ainda são quase 13hs e eu já estou entendiada. Ontem o Ricardo me falou que a geração Y reclama de tudo, mas eu nem acho que reclamo taaanto assim vai rs. Eu só estou entediada, porque nem sempre a gente sabe apreciar o ócio. Nem sempre.

  Essa semana foi movimentada e me deixou mal acostumada. Sexta revi amigos da época da faculdade com direito à pizza. Sábado trabalhei, comprei uma cor nova de sombra e de noite fui para a sketcheria, um encontro do pessoal do Clube do Designer. Até aprendi a rascunhar um rosto e um elefantinho de duas patas rs. Também ganhei um desenho. Sem contar que gravei mais um vídeo para o clube. Pois é, inventaram que eu sou a âncora do clube e como eu resolvi dizer menos não para vida, eu aceitei.



  Aceitei porque de algum modo liguei o "foda-se!". Isso até parece contraditório. Impressão sua, porque agora a minha imagem é em alta definição. Meu ao vivo, em HD e não me importa muito se um defeito ou outro aparecer. Foda-se. 

  Ontem também tive algumas conversas que me fizeram pensar no que eu realmente quero pra minha vida. E a moral da história é que a gente tem que fazer algo que nos dê prazer, mas também ser valorizada por isso, caso contrário, a gente broxa. E ninguém quer passar o resto da vida fazendo algo sem tesão e sem dinehiro, não é mesmo? Trabalho é trabalho, hobby é hobby. Ainda vamos falar mais sobre isso.

  São 13h29 e meu tédio está passando. Escrever é sempre bom pra mim. Um verbo que, na maioria das vezes, eu sempre conjugo no presente. Sempre me peguei escrevendo. Bilhete, bobagem, desabafo, crônica, poesia, qualquer coisa. Nunca me trouxe nada negativo, pelo contrário:

  • Uma história publicada no jornalzinho da escola, na primeira série; 
  • Primeiro lugar no concurso de redação por volta da oitava série; 
  • Publicação de uma poesia no I Prêmio Literário Canon de Poesia 2008; 
  • Uma média de 1000 visualizações por ano no meu blog pessoal (este aqui por sinal), segundo às estatísticas dele; 
  • Encontrar uma pessoa que você não vê faz tempo e ouvir "Ainda tenho uma cartinha que você  escreveu pra mim na escola!"
  • 2 colunas sobre design e comportamento na revista Leaf (Edição 00 - pag 31)(Edição 01 - pp 90, 91, 92); 
  • 29 postagens no Clube do Designer, entre eles, o post "Ta com medo de que?" com 32 comentários e 356 exibições, e um vídeo com 204 visualizações em uma semana (O vídeo não foi escrito, mas foi uma consequência das coisas citadas acima). 

Eu nunca vi o "meu verbo escrever" como uma solução. Foi sempre uma reação, uma inspiração, uma maneira de acertar meu ritmo. Sobretudo, um modo que me fez chegar até aqui.



O tédio vira palavra.
Nós damos a nossa palavra ao mundo. 
Falamos sobre tudo.
No final das contas, palavras se transformam em histórias.
Se as histórias não te fizerem sentir, de alguma forma;
as histórias voltam a ser um tédio, você vira a vida e encontra uma página em branco.


Ps: 15hs - fim de tédio!
*